Madalena Salles, uma vida de música

Conheça a flautista de formação clássica que se tornou a grande parceira musical de Oswaldo Montenegro

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Madalena e Oswaldo: uma parceria musical de 50 anos é celebrada no palco da turnê comemorativa dos 50 anos de carreira do Menestrel

Oswaldo Montenegro abriu no último sábado (10), com show no Qualistage, sua turnê comemorativa de 50 anos de carreira, um espetáculo tomado pela emoção em que o público acompanhava a trajetória do Menestrel com imagens de sua vida e carreira projetadas num imenso telão. A flautista Madalena Salles é a instrumentista que acompanha o cantor e compositor em toda essa trajetória.

"Esse show é muito significativo para todos nós porque, literalmente, ele celebra nossos 50 anos de estrada. O painel de led, em imagens lindas e imensas, mostra a trajetória dos momentos mais importantes da vida de Oswaldo. Ali estão as pessoas mais importantes da vida dele, ali o público entende a importância dos afetos na sua persona, conhece os lugares mais relevantes em sua história. O show é praticamente uma biografia, em músicas e imagens, do Oswaldo, de nossas vidas", conta Madalena, ou Madá, como é carinhosamente chamada pelo amigo de décadas.

Filha do jornalista Heráclio Salles e da professora Josyra Sampaio, é a sexta de 7 filhos, nascida em 27 de março de 1957. Já muito pequena, com 7 anos, começou a estudar piano e teoria musical e não parou mais. Prodígio, com 14 anos descobriu os encantos da flauta transversal, na Escola Média de Música. Não demorou muito para integrar a Orquestra de Câmara da Escola Média de Música de Brasília e começou, também, a fazer música de câmara, sua grande paixão.

E claro, sua presença passou a ser garantida nos "Concertos para a Juventude", organizados e apresentados pelo Maestro Levino de Alcântara, no Sala Martins Pena, do Teatro Villa-Lobos, tanto em conjuntos de música de câmara como em orquestra. Foi nesta época em que Oswaldo a convidou a participar das gravações de uma série de programas sobre compositores da MPB que ele fazia, na época, na extinta TV Tupi de Brasília. A partir daí, selaram uma incrível parceria profissional, que permanece até os dias de hoje.

Madá estava com Oswaldo no Festival da Tupi, em 1979, quando este obteve o 3º lugar com "Bandolins". No ano seguinte, Oswaldo a convidou para tocar no Festival MPB 80 (TV Globo) para defender "Agonia", que sagrou-se campeã, e Madalena começou a participar das gravações dos discos de Oswaldo e em shows apenas no Rio, já que sua prioridade era a faculdade de música. Mas o chamado do palco falaria mais alto.

Na década de 1980, Oswaldo decidiu voltar a montar musicais, trazendo sua parceira para montarem o musical "Veja Você, Brasília", um espetáculo com mais de 60 artistas da própria cidade. Madalena aceitou de imediato e seguiu para Brasília, onde fez com Oswaldo seu primeiro trabalho de assistente de direção. O musical foi um sucesso estrondoso na cidade e os dois foram para Belo Horizonte, onde realizaram o mesmo projeto com artistas locais.

À essa altura, Madalena descobriu sua paixão pela montagem de musicais. Decidida a seguir essa carreira teatro-musical com Oswaldo, desistiu da faculdade para se dedicar às montagens e shows. A partir daí seguiram-se diversos espetáculos musicais como "A Dança dos Signos", "Léo e Bia", "A Aldeia dos Ventos", "Os Menestréis". "Quando comecei a trabalhar com Oswaldo, nessa época ele já fazia shows em Brasília. Poucos meses depois, ele me convidou para participar da montagem de seu primeiro musical, 'João sem Nome'. Eu vim da música erudita, sempre adorei fazer música de câmera e tocar em orquestra. Mas algo sempre me faltou, tanto que meu vestibular foi para Biologia, e não para Música. Quando pisei pela primeira vez num palco de musical, entendi o que me faltava. Fiquei fascinada pela união das artes - música, teatro e dança juntos se completavam. Aquilo me preencheu. E nunca mais nada me faltou".

"Minha maior realização como musicista foi quando soube que fiz bem a alguém. Saber que alguém curou a depressão porque começou a estudar flauta, depois de assistir a um show nosso. Ver a alegria ou a emoção nos olhos do público, quando toco alguma música. Claro, há momentos estritamente profissionais, como 'A Dança dos Signos', o musical pelo qual mais amor e realização tive, mas nada se compara a essa reação do público".

Suas referências musicais dão o tom do seu trabalho. "Eu ouço muito música erudita. Por formação profissional e criação de família, é a que me faz bem quando preciso de algum alívio na vida. Dentro desse estilo, o que mais ouço é Bach, Vivaldi, Mozart, Beethoven, Schumann e outros tantos", enumera. "Na minha infância também ouvia muito, por conta dos meus pais, Noel Rosa, Aracy de Almeida, Ataulfo Alves, Ary Barroso. Sempre ouvi muito MPB, também, principalmente Chico Buarque e Gil. Hoje ouço muito Zeca Baleiro, Alceu, Geraldo Azevedo", acrescenta Madá.