Cézar Mendes: 'Eu precisava ter segurança, fazer canções que eu tivesse vontade de cantar'
Cézar Mendes, violonista admirado por João Gilberto e Caetano, faz turnê própria
Parceiro de artistas como Caetano Veloso e Arnaldo Antunes, gravado por intérpretes como Gal Costa e Marisa Monte, vencedor de um Grammy Latino como compositor, o santamarense Cézar Mendes é admirado por seus colegas e tem um punhado respeitável de canções. Apenas em fevereiro deste ano, porém, ele estreou um show seu. O espetáculo, batizado de "Depois Enfim", já passou por Salvador, Rio e São Paulo, onde se apresenta na última semana.
Perguntado sobre porque decidiu levar ele mesmo suas canções ao palco, Mendes responde meio brincando, meio a sério: "O compositor está passando fome, meu querido. Você não subiu no palco, não ganha dinheiro". Na sequência, ele avança em outros motivos para a estreia tardia. "Eu precisava ter segurança, fazer canções que eu tivesse vontade de cantar".
Sua primeira plateia contribuiu enormemente para afastar dele qualquer insegurança. "Quando me convidaram para fazer o show na Casa Rosa [em Salvador], eu pedi a Caetano para me ajudar a montar o roteiro, o que ele faz melhor do que ninguém", diz Mendes. "Uma noite ele foi no meu quarto para ouvir o que eu estava preparando. Sentou e eu comecei a tocar. Quando vi, ele estava chorando. Disse: 'Eu nunca tinha ouvido você tocando suas músicas assim, juntas'".
O roteiro inclui a primeira canção composta por Mendes, exatamente com Caetano: "Aquele Frevo Axé", que batizou um álbum de Gal. Mendes já tocava violão desde menino, e era conhecido como professor do instrumento - já deu aulas para Maria Bethânia, Bem Gil e Moreno Veloso, entre outros. Mas não se via capaz de compor. "Eu achava tão poucas notas, parecia que era tudo tão repetido", lembra o artista.
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