Por: Affonso Nunes

Passado e presente vivos na Cidade do Rock

O Barão Vermelho fecha a turnê comemorativa dos 40 anos de estrada | Foto: Marcos Hermes/Divulgação

Lá se vão quase 40 anos e uma das imagens mais marcantes da primeira edição do Rock in Rio era a de Cazuza 1958-1990) e o Barão Vermelho fazendo a Cidade do Rock pulsar com a enérgica "Pro Dia Nascer Feliz". O país começava a respirar ates democráticos naquele versão de 1985 e o Brasil se permitia ao direito de sonhar. Não é por coincidência que o Barão está mais que confirmado na line-up do festival e traz um show inédito com a estreia da turnê Todo Tamanho da Vida".

O nome vem da faixa que será lançada no festival. Trate-se de uma letra de Cazuza que a banda recebeu de presente de Lucinha Araújo, mão do compositor.

Rodrigo Suricato, vocalista da banda há sete anos, avisa que o novo show celebra passado e presente da banda, pois o Barão atravessou nesses 40 anos o que ele chama de "surra de Brasil". "São quatro décadas tocando em todo canto do país, lotando ginásios, arenas. É muita vitalidade. Temos quatro letristas na banda, muita coisa nova pra mostrar... mas mais da metade do repertório é de grandes sucessos do grupo, canções que simplesmente não podemos deixar pra trás como 'Por Você', 'Pro dia Nascer Feliz', 'Puro Êxtase' e 'Bete Balanço'. Não importa se são canções da época do Cazuza ou do Frejat. A gente abraça todas as fases da banda", diz Suricato.

Cantor, compositor e guitarrista, Suricato era uma criança de 5 anos na época do primeiro Rock in Rio. "Naturalmente, não pude ir. Mas lembro perfeitamente dos conselhos que meus pais davam aos meus irmão mais velhos que foram aos shows. A nossa diferença de idade era significativa, pois eu era o filho temporão", explica.

Rodrigo, no entanto, herdou dos irmãos mais velhos o mesmo gosto e referências muscais. "Este é um dos motivos pelos quais me entroso tão bem com o Guto (Goffi, baterista), o Maurício (Barros, tecladista) e o Fernandão (Magalhães, guitarrista)", comenta.

 

Em 1985, uma apresentação histórica

Cazuza e Frejat durante a aprsentação do Barão Vermelho no Rock in Rio I, no verão de 1985 | Foto: Reprodução

Uma das únicas bandas (ao lado dos Paralamas do Sucesso) que estava na primeira edição do Rock in Rio, o Barão Vermelho foi convidado para participar da edição comemorativa de 40 anos do festival. O grupo vai tocar no dia 15 na abertura do Palco Sunset, com a formação que está na estrada desde 2017 composta Guto Goffi (bateria), Maurício Barros (teclados e vocais), Fernando Magalhães (guitarra, violão e vocais) e por Rodrigo Suricato (voz, guitarra e violões).

"Esse show tem a colaboração do artista e percussionista Japa System, residente em Portugal, conhecido por suas contribuições com o Baiana System. Percussionista criativo e especialista em beats, acostumado a misturar e flertar com uma linguagem brasileira contemporânea. É a primeira vez que o Barão incorpora um percussionista desde que o Peninha se foi. Além dele, duas backing vocals que eventualmente fazem parte do show. É um show montado especificamente para o festival" explica Suricato.

Para Mauricio Barros, "É uma alegria participar do festival. Essa é a terceira vez com o Barão. Na primeira edição, em 1985, ainda com o Cazuza, subi ao palco com apenas 20 anos. Sem dúvida, vai ser uma festa maravilhosa!", torce o músico. A apresentação do Barão em 1985 foi histórica e acabou sendo lançada em CD.

"Assisto ao Rock in Rio desde 1985, um festival lindo e renovador. É uma honra e alegria poder estar neste line up com o Barão Vermelho, e poder celebrar 42 anos de banda e boa música com o público do festival", arremata o guitarrista Fernando Magalhães

"40 anos do Rock in Rio, significam que o rock resistiu esses 40 anos no Brasil e eu, que passei por tudo isso, me orgulho" conclui o baterista Guto Goffi.

Formado no Rio em 1981, o Barão Vermelho integra a primeira geração do chamado BRock, nome dado ao movimento de renascimento do gênero, impulsionado pelo surgimento de espaços como o Circo Voador e a Ráfio Fluminense FM, duas plataformas de lançamento para os grupos da época.

A banda consquistou admiração do público tanto por sua energia no palco quanto pela performance e voz inconfundível de Cazuza, seu vocalista e principal letrista. Desde a morte precoce do frontman, a banda passou por diversas mudanças de formação mas soube manter uma coesão, mantendo os fãs lá do início e abrindo para públicos das gerações seguintes.

A banda lançou diversos hits que se tornaram verdadeiros clássicos do rock brasileiro. "No Brasil a pessoa fazer um auto-elogio é quase como um crime, mas é preciso louvar a história do Barão e dessas grandes canções. A banda pode nao ter mais o Cazuza, não re mais o Frejat... Mas ainda tem o Maurício, o Guto, o Fernandão. A essência segue, o Barão segue, celebrando sua história e olhando pra fente", destaca Suricato