O sopro de suas flautas está presente em boa parte dos discos que deram régua e compasso para músicos e formaram gerações de ouvintes apaixonados por MPB, instrumental, samba e choro e o lançamento de "Andrea Ernest Dias Quarteto" (independente) é mais um capítulo dessa história. A instrumentista faz show de lançamento deste trabalho nesta quinta-feira (21), às 19h, na Casa do Choro.
"O quarteto existe desde 2018, e começou com um convite que recebi do meu filho Miguel Dias, baixista, e Pedro Fonseca, pianista, para fazer uma participação especial no show deles, na Lapa carioca. Já gostava do som mais pop da turma do Miguel e passei a ver os rapazes como minha turma musical também", conta Andrea - Deda para a família (de músicos!) e os amigos, que são tantos.
O repertório foi crescendo, junto com mais convites para shows. Num dia, o baterista Felipe Larrosa Moura se juntou ao trio e, no outro, o piano foi assumido por Pedro Carneiro Silva, que gravou o disco. "As escolhas foram basicamente minhas, Moacir Santos (claro), Tom Jobim, Edu Lobo, Francis Hime, Chico Buarque, Dorival Caymmi, Pixinguinha, parcerias de Santoro e Vinicius, além de músicas do Miguel", rebobina a flautista.
Em 2021, ganharam um edital da Prefeitura do Rio, o Foca, e saíram pela cidade com o show Uma Roda para Moacir Santos. "A gente queria festejar a herança musical afro-brasileira, tendo Moacir como anfitrião", pontua Andrea. O repertório do quarteto se expandiu, trazendo, além de Moacir, Dona Ivone Lara, Dolores Duran, Letieres Leite, Abigail Moura, Carlos Negreiros, Paulinho da Viola, Maurício Tizumba, Cláudio Camunguelo e Milton Nascimento.
Negreiros, BNegão e Áurea Martins participaram de algumas apresentações. "Negreiros faleceu em nosso show no Teatro Ipanema, após brilhar e ser consagrado, aplaudido de pé durante a sua apresentação cantando, tocando e dançando. Morreu no camarim, proseando com BNegão, que o amparou em seus braços no ataque cardíaco. Foi um momento de fortíssima emoção e surpresa para todos nós. A última frase que eu ouvi dele foi 'quero ficar nessa banda para sempre!'. Ele estava muito feliz".
O que ressoa no "Andrea Ernest Dias Quarteto" emergiu deste roteiro. "É muito bom tocar com eles, todos na faixa dos 30 anos e com formação e sensibilidades muito especiais. Renova perspectivas, atualiza referências e sonoridades, aprendo demais e voce-versa. E os três estão muito presentes na cena musical. Tocam com Pedro Luís, Bala Desejo, Julia Vargas, Chico Chico…", enumera, orgulhosa.
Ela e Miguel escolheram as sete músicas que foram gravadas e fizeram a direção musical juntos - ele trabalhou nos arranjos, que cresceram no estúdio - no caso, o Frigideira, de Gui Marques e Felipe Larrosa Moura. Moura também mixou e a masterização tem a arte de Lelo Nazario. Andrea fez a produção musical e a produção executiva é da Fulô Cultural, de Vera Schroeder e Renata de Oliveira.
Caco Chagas assina a capa do álbum, sobre uma fotografia do mar de Marselha feita por Andrea num passeio de barco - uma referência ao legendário "Ouro Negro" (Universal / MP,B, de 2001) -, pois as flautas de Andrea Ernest Dias estão presentes (nos dois sentidos) nesse disco duplo vencedor de prêmio e inesquecível para quem assistiu ao vivo a Orquestra Ouro Negro.
Filha da concertista e flautista francesa Odette Ernest Dias, Andrea carrega em seu DNA a paixão pela música e a busca pela excelência. A instrumentista é reconhecida por sua maestria na flauta destacando-s enas mais diversas vertentes musicais, da música erudita à canção popular.
Além do quarteto recém-criado, a artista atua em diversos grupos explorando diferentes estilos e gêneros. Foi flautista da Orquestra Sinfônica Nacional (UFF) por muitos anos, onde também ocupou cargos de liderança.
Pesquisadora e escritora, é doutora em Música e autora do livro "Moacir Santos, ou os caminhos de um músico brasileiro", uma obra de referência sobre o importante compositor brasileiro. Além disso, criou e dirige o Festival Moacir Santos, um evento que celebra a obra do maestro pernambucano.
SERVIÇO
ANDREA ERNST-DIAS QUARTETO
Casa do Choro (Rua da Carioca, 38)
21/11, às 19h | R$ 60 e R$ 30 (meia)