Mishaal Tamer, um sucesso das Arábias

Aos 25 anos, o cantor e compositor saudita conquista números expressivos nas plataformas digitais e redes sociais e lança 'Home Changing', seu álbum de estreia, com 33 (!) canções autorais

Por Affonso Nunes

O primeiro álbum do saudita Mishaal Tamer é dividido em cinco temas, cada um resultando num CD

Mais de 1,3 milhão de ouvintes mensais no Spotify, 1 milhão de seguidores no TikTok e autor de trilha sonora para games como Assassin's Creed e PlayerUnknown's Battlegrounds. Aos 25 anos, o cantor e compositor Mishaal Tamer une pop, indie e hip hop numa mistura única vem conquistando o público jovem ao redor do mundo, incluindo o Brasil, quarto lugar do mundo que mais ouve suas canções.

O artista árabe acaba de lançar "Home Changing", seu álbum e estreia. Trata-se de um projeto usado: 33 faixas divididas em cinco CDs, que apresentam temas diferentes, como amor, decepções e saudades, com destaque para as faixas "Ataraxia", "Keep it Up", "Itty Bitty" e "Baba Fein".

Nascido na Arábia Saudita, filho de mãe equatoriana, Mishaal descobriu seu amor pela música após um acidente sofrido quando tinha nove anos de idade: quebrou o braço e a operação o deixou com 32 pontos. A cirurgia consertou seu osso, mas o dano nervoso em seus dedos foi duradouro. Para ajudar na reabilitação, um médico o encorajou a tocar violão. Com o passar do tempo, começou a postar canções criadas com um laptop e o microfone do Xbox no Instagram, conquistando o público rapidamente com o clipe viral "Can't Love Myself", que dura apenas dez segundos, e o single "Arabian Knights".

Bullying

Mas antes do sucesso, o jovem artista sofreu bullying na escola, provocado pelos outros alunos por conta de sua herança mista. "Eu me senti tão sozinho", comenta em suas entrevistas sempre que fala do passado. Mudando-se para a Jordânia para frequentar um internato quando adolescente e com uma musicalidade interior ardendo para ser ouvida, ele começou uma banda de heavy metal e mais tarde explorou o indie pop e depois o jazz. À beira da idade adulta, foi aceito no Clive Davis Institute of Recorded Music em Nova York, tornando-se o primeiro saudita na escola. Sua primeira demo, "Arabian Knights", uma produção de baixo orçamento, chamou a atenção de várias gravadoras. Por fim, assinou com a RCA.

Hoje, o artista fala abertamente sobre se sentir sozinho, o fim de um relacionamento de longo prazo, perder dois amigos para o suicídio e sentimentos sombrios que às vezes pareciam engolir seu espírito. "Recentemente, saí de um capítulo muito sombrio da minha vida", ele revela. "Por meio da minha música, quanto mais vulnerável e honesto eu sou com quem ouve, mais isso se conecta e talvez ajude alguém lá fora. Alguém que pode estar passando ou já passou pelo que eu passei."

Em maio deste ano, Mishaal fez sua estreia ao vivo no Reino Unido com um show esgotado no Camden Assembly, em Londres. Desde 2023, ele tem uma parceria com banda OneRepublic, com quem lançou "Mirage" (para a trilha sonora do game Assassin's Creed), além de abrir turnês no Oriente Médio, Ásia e Europa, incluindo um show esgotado na Wembley Arena. O artista também lançou "Winner Winner" como parte da trilha sonora do jogo PlayerUnknown's Battlegrounds e criou a trilha sonora para o Gamers8, o maior festival de games do mundo, realizado no ano passado.