O Brasil emerge nos palcos

RETROSPECTIVA / TEATRO

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Por Cláudia Chaves

Especial para o Correio da Manhã

2024 foi um ano de absoluta brasilidade nos palcos brasileiros. Elencamos, a seguir, os maiores destaques encenados no Rio.

O fenômeno da década - Quando Othon Bastos entrega 600 páginas de sua história , em uma saca de supermercado, ao autor, diretor, produtor Flavio Marinho é o pontapé inicial para Eu não me entrego, não! surgir como um fenômeno raro. A trajetória de Othon se transforma em uma verdadeira odisseia do que é ser ator, brasileiro, nordestino que o público absorve com a certeza de que a vida é bonita.

O principal coadjuvante - Em uma peça com protagonista evidente, Zulmira, Thelmo Fernandes compõe o Tuninho, um papel coadjuvante, de forma primorosa, o marido meio perdido, fixado em futebol. Da difícil dramaturgia de "A Falecida", de Nelson Rodrigues, Thelmo brilha.

As ladies tempestades - A explosão de Andréa Beltrão revivendo a saga da advogada Mércia, cujo apelido era Lady Tempestade, foi sucedida por peças que falaram dessas lutas das mulheres brasileiras. Pela arte, pela maternidade, contra a violência, contra o machismo, contra a exclusão.

A platéia é a visita - Ao se entrar no apartamento de Natasha Corbelino, a premiada diretora, autora, atriz, para assistir "Uma Peça Cansada", o que se vê é uma criativa experiência. O monólogo, do qual Natasha faz 10 sessões em um domingo, é um acerto de fio a pavio.

O herdeiro sem vingança - Hamleto é o clássico de Antonio Abujamra que André Abujamra preserva a obra de seu pai, com novos recursos para o teatro. As interferências atuais de projeção e linguagem do Tik Tok, Inteligência Artificial e músicas originais mais do que atualizam a obra original.

Eu digo não ao não - A peça Língua centra a questão da falta de comunicação em uma trama que se passa no aniversário de um jovem surdo. A partir dessa linha, o que vemos são ótimas atuações, a importância dos afetos que consegue superar todos os obstáculos, com a atuação de Ricardo Boaretto, um ator de primeira.

A união é a força - Sob a direção de Inez Vianna, a Cia Omondé tem como foco encenar textos de autores brasileiros e dialogar com os temas que mexem com nossos corações e mentes em "Último Ensaio".

Brasil, esquentai vossos pandeiros - Foram 4 musicais sobre grandes nomes da MPB, estilos diversos assim como os espetáculos Tom Jobim, Paralamas, Ismael Silva e Raul Seixas. Este último, com atuação ímpar de Bruce Gomlevsky, supera totalmente a montanha russa de emoções do personagem.

Dose dupla de uma grande atriz - Débora Falabella encarna em dois textos completamente diferentes: a mulher vítima do abuso e do estupro em "Prima Facie" e a atuação potente em "Neste mundo Louco".

Todas as artes em um palco só - Suzana Nascimento entrega momentos únicos em "Em Nome da Mãe". O cenário é uma instalação, a trilha sonora, o figurino, herdam de cada uma das artes os seus melhores elemento.

Contagiando a Marquês de Sapucaí - Idealizada por Luiz Antonio Pilar, com texto de Leonardo Bruno, "O Tradicional e o Moderno na Dança do Mestre-Sala e da Porta-Bandeira", com o casal de mestre-sala e porta-bandeira Rute Alves e Julinho Nascimento, nos faz mergulhar em todos os sentimentos.