Por: Thales de Menezes (Folhapress)

Potencial inegável de viralização para Bad Bunny

Em seu novo álbum, Bad Bunny cercou-se de produtores e artistas convidados porto-riquenhos | Foto: Divulgação

Aos 30 anos de idade e pouco mais de uma década de carreira, o porto-riquenho Benito Antonio Martinez Ocasio chegou à condição de cantor mais ouvido na América Latina em 2024. No mundo, Bad Bunny só fica atrás de uma tal de Taylor Swift. E agora ele segue rumo à dominação global com "Debí Tirar Más Fotos", lançado nas plataformas no fim de semana. Seu sexto disco solo atesta uma produção intensa. É o terceiro álbum completo que ele lança num intervalo de 30 meses. Depois do sucesso de "Nadie Sabe Lo que Va a Pasar Mañana", que teve três hits globais - "Monaco", "Perro Negro" e "Where She Goes" -, ele solta um pacote de 17 faixas com potencial inegável de viralização.

A coisa começou a se espalhar bastante com as duas canções lançadas previamente nas últimas semanas, "El Clúb" e "Pitorro de Coco". A primeira é uma espécie de viagem nostálgica que permite reconhecer aqui e ali ecos de house, mas com pegada pop e uma letra sobre um relacionamento destruído.

Já "Pitorro de Coco" deixa escancarada a ideia de louvação a suas origens porto-riquenhas no novo disco, intenção que ele revelou em entrevistas. É uma canção de Natal típica de seu país, e o clipe é despojado, filmado com câmera estática num boteco, no qual Bad Bunny canta sentado em uma cadeira de plástico enquanto mastiga um salgado e brinca com prostitutas.

É esse o espírito nostálgico de "Debí Tirar Más Fotos". Após fazer sucesso local na estreia, com "X 100pre", álbum de 2018 que vendeu apenas 5 mil cópias nos Estados Unidos, ele largou Porto Rico e correu o mundo até chegar a "Un Verano Sin Ti", que vendeu 3,5 milhões de discos no mercado americano em 2022.

Agora, Bad Bunny voltou para casa. Antes mesmo de todo o disco ganhar presença digital, isso já estava evidente na divulgação dos colaboradores do projeto. Produtores e artistas convidados são todos porto-riquenhos.

Nunca ele radicalizou tanto um trabalho, praticamente blindado para influências e colaborações de fora do arquipélago caribenho, chegando ao convite para Los Pleneros de la Cresta, na faixa "Café com Ron". Trata-se de um grupo que resgata a música porto-riquenha de décadas passadas. A canção poderia ter sido gravada há 50 anos, e é ótima.

Retomada de raízes

O mais interessante do disco é fazer essa retomada de raízes sem abandonar completamente as batidas que já foram organicamente associadas ao reggaeton poderoso de Bad Bunny. Salsa, hip hop, dancehall e eletrônico surgem salpicados pelo álbum, mas sempre a serviço de melodias que pagam tributo à história musical do país. A citada "Pitorro de Coco" é uma canção de aguinaldo, gênero de música natalina muito tradicional.

O disco abre com dois pandemônios dançantes, "Nuevayol" e "Voy a Llevarte pa PR". Parece que ele quis mostrar o forte reggaeton logo de cara, para comprovar sua assinatura musical. A seguir vem a primeira grande surpresa do álbum.

As faixas restantes, sem os convidados compatriotas, formam praticamente um menu degustação de ritmos festivos da ilha caribenha. "Turista", por exemplo, é uma balada simpática, romântica até ser ingênua. Já "Lo Que Le Pasó a Hawaii" consegue ser sensual mesmo com o cantor alternando sua voz com o som de um trombone e até um galo cantando. Pode parecer improvável, mas é uma questão de se ouvir para crer.

No balanço final dessa releitura da música porto-riquenha, o resultado é um álbum pronto para estourar em todo o planeta.