Por Affonso Nunes
Na língua bambara, uma etnia do oeste africano, "Yèle Sira" significa "abre caminhos". E é exatamente isso que o grupo Dembaia propõe com este espetáculo híbrido: abrir portas para novas experiências musicais, compartilhar saberes ancestrais do futuro e, por meio de música, poesia e performance, explorar o encontro de cinco mulheres no resgate e afirmação de suas ancestralidades e identidades negras na arte contemporânea.
Com o apoio do Edital Sesc Pulsar 2025, "Yèle Sira" o espetáculo estreou na última sexta-feira (21) no Sesc São Gonçalo e será apresentado no Sesc Copacabana, nesta terça-feira (25), às 19h; no Arte Sesc, no Flamengo, nesta sexta-feira (28), às 19h, com entrada gratuita. Após essas apresentações, o show seguirá para outras seis unidades do circuito Sesc.
Formado por Ana Magalhães, Dai Ramos, Sabrina Chaves, Tati Villela e Beà Ayòóla, vencedora do Prêmio Shell 2025, o show é uma fusão de composições autorais, releituras de canções populares brasileiras e poesias em performance. O grupo cria uma experiência sensorial que mistura diversas linguagens artísticas e narrações negras inovadoras.
A África e suas influências na diáspora são evidentes nos afoxés baianos de raízes Yorùbá, nas manifestações Bantu, no jongo, na rumba cubana, no ritmo yamamá da Guiné, no desert blues do Mali, no jazz, na capoeira e até no rock'n'roll, como ressalta Sabrina Chaves. "Esse hibridismo sonoro interdimensional desperta todos os sentidos corporais e revela a riqueza da nossa musicalidade", explica.
A combinação de sonoridades polirrítmicas e polifônicas, poesias e performances traduz sentimentos e expõe os caminhos percorridos pelo grupo, permitindo um acesso à ancestralidade africana e a criação de futuros de vitalidade. O show transmite a mensagem de que há espaço para a criatividade na diáspora. "Queremos impactar o imaginário do público por meio da multisensorialidade, proporcionando uma experiência que transporta as pessoas a lugares de transcendência, paz, amor, fé, alegria, reflexão e consciência sobre a potência da arte negra", complementa Sabrina.
Esta obra reafirma o compromisso com a preservação e difusão da cultura afro-diaspórica, destacando a força e a representatividade das mulheres negras na música. "Usamos arte e educação como ferramentas de fortalecimento e empoderamento comunitário. Acreditamos que a circulação desse show não apenas valoriza a produção artística do grupo, mas também estimula a diversidade musical brasileira, exalta a genialidade das criações africanas e afro-diaspóricas, e oferece ao público conhecimento e representatividade", destaca Sabrina.
Com 11 anos de trajetória, o grupo é formado por mulheres negras residentes no Rio de Janeiro, atuando de forma independente. Na cidade, é referência em pesquisas sobre a cultura africana e afro-diaspórica, por meio de oficinas e apresentações artísticas. O grupo promove a preservação da memória africana e a disseminação da cultura afro-diaspórica brasileira, mesclando ritmos tradicionais, poesia falada e performance.
SERVIÇO
YÈLE SIRA - GRUPO DEMBAIA
25/3, às 19: Sesc Copacabana (R. Domingos Ferreira, 160) | R$ 30, R$ 15 (meia) e R$ 8 (associado Sesc)
28/3, às 19h: Arte Sesc (R. Marquês de Abrantes, 99 - Flamengo) | Grátis
Ingressos: Gratuito