Por: Affonso Nunes

O guitar hero da Amazônia

Manoel Cordeiro: ‘ Estou sempre olhando pra frente e, para mim, o novo hoje é reafirmar meu propósito de promover a Música Popular Brasileira feita na Amazônia de dentro pra fora, de cristalizar um entendimento coletivo para o mundo sobre as vastas potencialidades culturais da região’ | Foto: Divulgação

Um dos grandes nomes da música brasileira feita no Norte do país, o guitarrista, compositor, produtor e arranjador Manoel Cordeiro celebra seus 70 anos de vida e 57 de carreira com a Ocupação Manoel Cordeiro, que será lançada nesta sexta-feira (11) no Kingston Club, na Lagoa. Com passagens por Belém, São Paulo e outras cidades, o projeto reúne exposição, workshop, filme, painel e shows, destacando a contribuição do artista para os ritmos da região amazônica e para a cultura popular brasileira.

Reconhecido como mestre do carimbó, da lambada, do batuque e do tecnobrega, Manoel atravessou fronteiras com sua guitarra inconfundível e sua visão generosa da música como expressão coletiva. Agora, ele apresenta ao público o Manifesto da Música Popular Brasileira Feita na Amazônia, posicionando a criação musical da região como uma das mais potentes e singulares do mundo.

"Essa ocupação chega em um momento muito importante da minha vida. Vou lançar um livro, acabei de gravar um filme sobre a minha trajetória e é o ano em que apresento para o Brasil e o mundo o Manifesto. Uma oportunidade de afirmar nossa música como protagonista da própria história."

A programação extensa começa às 17h com a exposição "Um Norte Musical", com fotos, vídeos e objetos que reconstroem a trajetória do artista. No mesmo horário, Manoel ministra o workshop "Guitarras Amazônicas, Produção Musical e Home Studio". Às 19h, apresenta o Manifesto em um painel seguido de conversa com o público. Às 20h, será exibido o documentário "Luz do mundo", dirigido por San Marcelo e Cícero Pedrosa.

A noite segue com o DJ Figueroas, que comanda a pista de dança com um set dedicado à lambada e a outras sonoridades brasileiras em que Manoel deixou sua marca como músico e produtor. Às 22h, o show principal reúne a Banda Sonora Amazônia, formada especialmente para a ocasião, e convidados como Davi Moraes, Felipe Cordeiro, Liah Soares, Évila Moreira, Dibob (Afroribeirinhos), Sandra Duailibe e Aíla.

Mais que uma celebração, a ocupação marca um gesto político e simbólico. No mesmo ano em que Belém sediará a COP 30, Manoel enxerga na arte uma ferramenta de transformação social e ambiental. Para ele, a música feita na Amazônia é capaz de impulsionar a economia criativa, gerar emprego, renda e afirmar a autoestima de artistas, mestres e comunidades.

O manifesto propõe o reconhecimento de mais de 14 ritmos originários dos estados amazônicos, como marabaixo, beiradão, toada, carimbó, tecnobrega e baque do Acre, em pé de igualdade com gêneros consagrados nacionalmente. "Quero que o carimbó, o marabaixo e o batuque sejam reconhecidos como parte da Amazônia, assim como o samba está para o Rio, o maracatu para Recife e o axé para Salvador."

SERVIÇO

OCUPAÇÃO MANOEL CORDEIRO

Kingston Club - Orla da Lagoa Rodrigo de Freitas

11/4, a partir das 17h (exposição e workshop, exibição de documentário, DJ e show com Manoel Cordeiro e Banda Sonora Amazônia convidados | Ingressos à venda no local