O baterista argentino Roberto Rutigliano retorna ao Blue Note Rio com a força rítmica que marca sua trajetória desde o final dos anos 1980, quando iniciou no Brasil uma pesquisa consistente sobre os encontros entre o jazz e a música latino-americana. A fusão entre os dois universos, que moldou a sonoridade dos discos do grupo Xekerê e do projeto Rio Latin Jazz, está no centro do repertório de seu show "Vida Mía" nesta quinta-feira (24).
Radicado no Brasil há mais de três décadas, Rutigliano se firmou como nome de referência do Latin Jazz em nossa cena musical. O músico construiu uma discografia que valoriza os diálogos entre a tradição percussiva da América Latina e a liberdade harmônica do jazz, como se ouve em álbuns autorais como "Vida Mía", lançado recentemente.
Formado em música pela Universidad Nacional de Rosario, Rutigliano passou por experiências com música erudita e popular antes de se aprofundar no jazz. No Brasil, foi aluno de Pascoal Meirelles e atuou ao lado de músicos como Victor Biglione, Cliff Korman, Mauro Senise e Idriss Boudrioua. Ao longo da carreira, dividiu palcos e estúdios com artistas de diversas vertentes, sempre preservando uma escuta atenta às raízes afro-latino-americanas. Sua linguagem rítmica, marcada pela precisão, dialoga com múltiplas influências sem abrir mão da identidade própria.
No palco, Rutigliano será acompanhado por um time de músicos com ampla experiência na cena instrumental: Vanessa Rodrigues (piano), Adrian Barbet (baixo), Zé Maria (sax), Joe Pepe (trompete), Didac Tiago e Cesinha (percussão). O repertório transita por clássicos como "Mambo Inn", "Bésame Mucho" e peças emblemáticas do tango, entre elas "El Día Que Me Quieras", de Carlos Gardel, e uma releitura especial de "Vida Mía", de Osvaldo Fresedo.
Nascido nos Estados Unidos na década de 1940, o Latin Jazz é fruto do encontro entre músicos como Dizzy Gillespie, Chano Pozo e Mario Bauzá. Nos anos 1970, nomes como Mongo Santamaría e Eddie Palmieri renovaram o gênero a partir da cena nova-iorquina, conectada ao movimento da salsa. Em Cuba, artistas como Emiliano Salvador e Chucho Valdés desenvolveram obras marcantes com grupos como o Irakere, aprofundando a fusão entre o jazz e os ritmos afro-cubanos.
SERVIÇO
VIDA MÍA
Blue Note Rio (Av. Atlântica, 1910 - Copacabana)
24/4, às 22h30
Ingressos a partir de R$ 60
