Por: Por Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Medo é para os fortes

Mestre do Terror | Foto: Rodrigo Fonseca

Laroyê, Mestre do Terror! Exu, aquele que não manda recado, mas, sim, leva e trás o recado, vê uma entidade muito pop fazer alarde na cena quadrinística paulistana. Sábado passado, em meio a uma festa de Halloween na loja Mundo Mythos, um dos maiores oásis de HQs de São Paulo, localizado na Rua Augusta, um ser de capa, cartola e barba hirsuta, nos moldes do Zé do Caixão, mobilizava quem passava pelo empório de gibis tipo "Tex" e "Juiz Dredd" para espalhar carisma e saber.

Cássio Witt é o nome desse espírito zombeteiro de carne e osso, que ganhou uma versão em quadrinhos, nos almanaques "Mestres do Terror" e "Calafrio". Ao mesmo tempo, ele angaria fãs via web, como youtuber. Seu trabalho comentando a arte gráfica -e o sobrenatural - no @CanalMilhaseMilhas, no YouTube, virou uma referência de argúcia.

"Eu tenho esse personagem de quadrinho, o Mestre do Terror, que surgiu por acaso, a partir do canal no YouTube 'Milhas e Milhas', e na minha parceria com o Daniel Saks, o proprietário e editor da Ink & Blood Comics, responsável por lançar quadrinhos de terror e fazer o resgate das clássicas HQs 'Mestres do Terror' e 'Calafrio'. Como eu tinha o canal no YouTube e ele estava começando com a editora, nós fizemos uma parceria e lançamos um programa, à época semanal. É a 'TV Calafrio'. Nele, coloco uma indumentária em homenagem ao mestre José Mojica Marins, o Zé do Caixão", detalha Witt. "Nas lives que nós fazíamos, um artista, o Rubens Lima, teve uma ideia: 'Por que não tem história desse personagem aí que apresenta o programa? Por que ele não apresenta algumas histórias da revista?'. Daí o Rubens criou o um personagem em cima da minha persona. Ele não tem poderes. É uma espécie de mestre de cerimônias, como o próprio Mojica fazia no 'Cine Trash' da Band. Ele é um contador de histórias, como eu".

Essa sinergia entre Witt e Lima gerou uma obra de arte sequencial que pode ser adquirida por contato via e-mail: [email protected]. "Eu escrevi uma história, que deve sair agora em dezembro, com o Mestre do Terror", diz Lima.

Em outubro, Witt deu um aulão de História ao comentar a série holandesa "Storm", que sai aqui pela editora Tundra. Fez também uma primorosa resenha dos desenhos animados "Spawn", do fim dos anos 1990. Comentou ainda clássicos do assombro nas telas, como "Hellraiser" e "Garotos Perdidos".

"O desafio não é o horror em si e, sim, trabalhar com quadrinho no Brasil. O gênero terror em si eu acho até que é um dos mais fáceis, porque o quadrinho de horror nacional é um dos mais fortes que a gente tem no mercado. É um dos melhores exemplares do filão nos quadrinhos mundiais, desde finalzinho da década de 1960", elogia Witt. "Fazer quadrinho neste país é bem difícil. A gente tem que matar um leão por dia. Eu não escrevo as minhas histórias, eu só cedi a minha imagem. Mas os próprios roteiristas e artistas gráfico têm muita dificuldade de manter a produção porque a gente não tem uma periodicidade. A revista 'Calafrio' e a 'Mestres do Terror' são das poucas revistas de coleção periódica, fora do esquema de álbum. Mas a gente segue fazendo".

 

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