Três filmes italianos recentes dos irmãos Antonio e Marco Manetti, baseados num tesouro das HQs do Velho Mundo, serão exibidos numa mostra especial do Festival Roterdã, na Holanda, que vai de 25 de janeiro a 4 de fevereiro, como os brasileiríssimos "Retrato de um certo Oriente", de Marcelo Gomes, e "A Paixão Segundo GH", de Luiz Fernando Carvalho, em sua programação. Serão exibidos por lá, na seção dedicada aos Manetti "Diabolik Chi Sei?" (2023), "Diabolik - Ginko All'Attacco!" (2022) e "O Grande Diabolik" (2021). Esse último, inédito em nosso circuito, rodado na Itália, em plena pandemia, acaba de entrar na grade da Amazon Prime, onde é possível comprar uma série de coletâneas de quadrinhos inéditos desse personagem lendário do imaginário pop europeu.
Criado em 1962 pelas irmãs Giussani, Angela (1922 - 1987) e Luciana (1928 - 2001), ambas de Milão, o mascarado é um ladrão e assassino que usa as mais criativas técnicas para roubar dos ricos (em especial, criminosos) e dar a... seus bolsos. Mais popular do que o Homem-Aranha nos quiosques da Suíça e da Itália, onde é best-seller há seis décadas, esse ladrão profissional já vendeu em torno de 150 milhões de cópias pelo mundo. No Brasil, os leitores das Giussani, e do rol de roteiristas e desenhistas que elas mobilizaram (da década de 1960 até hoje), podem se deliciar com as aventuras do ladino publicadas pela Editora 85, que já estão disponíveis via www.amazon.com.br. A editora publicou em português tijolaços sobre a ave de rapina das Giussani, cuja base de operações é a cidade fictícia de Clerville, inspirada na helvética Genebra, onde seus gibis são vendidos até em mercados. Diabolik teve suas feições, escondidas sob um capuz, decalcadas do ator Robert Taylor (1911-1969), astro da velha Hollywood que o escalou para épicos como "Quo Vadis" (1951). Nas histórias em quadrinhos, o nome do larápio nunca foi revelado.
Ele usa seus dons em furtividade, seu domínio sobre múltiplas línguas e sua invejável destreza com facas para lucrar, correndo o mundo com a ajuda de sua parceira e amante Eva Kant. A atriz siciliana Miriam Leone encarna a personagem no longa dos Irmãos Manetti, que escalaram Valerio Mastandrea para interpretar o inspetor Ginko, algoz de Diabolik. Ninguém sabe ao certo que tramas dos gibis alimentaram o roteiro do filme, mas seus primeiros reclames sugerem muita brutalidade e sangue, evocando a tradição italiana dos giallo, thrillers de suspense ou de terror centrados em assassinos com lâminas afiadas.
A melhor das HQs do malfeitor lançadas aqui pela Ed. 85 é "Diabolik Clássico 1". Trancados em uma cela e sem poder sair, Diabolik e Ginko aguardam a morte, que parece ser um destino inevitável para ambos. Levado por uma curiosidade impossível de conter, Ginko faz uma pergunta - a famosa pergunta - ao Rei do Terror: "Diabolik, quem é você?". Essa questão e mais uma penca de peripécias se estende por 484 páginas.
Celebrizado nos cinemas, em 1968, em filme de Mario Bava (1914-1980), com John Phillip Law (1937-2008), Diabolik é interpretado por dois atores na trilogia dos Manetti: Luca Marinelli (de "Martin Eden") e Giacomo Gianniotti (o Dr. Andrew DeLuca de "Grey's Anatomy").
Recentemente, outro fumetti (termo italiano para HQ) virou filme "Dampyr". Também é a 85 que edita suas tramas por aqui. Um derivado audiovisual do quadrinho homônimo de Mauro Boselli e Maurizio Colombo chega às telas sob a direção de Riccardo Chemello. Nessa produção, Draka, um caçador de vampiros dotado de poderes, é vivido por Wade Briggs. Suas principais parcerias no combate às trevas, Tesla e Kurjak, são interpretadas por Frida Gustavsson e Stuart Martin.
