Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

50 anos de vigilantismo

O Justiceiro | Foto: Divulgação

Inaugurado em 1938, com 1442 lugares, na Rua Leopoldina Rego n° 52, em Ramos, o Cine Rosário fechou suas portas, dando lugar à boate Trigonometria, logo após sofrer um assalto em meio a uma projeção de "O Justiceiro", de Mark Goldblatt, em 1991. O roubo ocorreu durante a sequência na qual o anti-herói das HQs Marvel, vivido pelo sueco Dolph Lundgren, detona mafiosos com uma metralhadora giratória. Quem estava na plateia, entorpecido pelo som distorcido da sala exibidora, não ouviu os tiros de verdade, disparado pelos assaltantes.

Foi um episódio triste do anedotário da Zona Norte carioca, ocorrido ao mesmo tempo em que a editora Abril lançava um álbum de luxo do personagem, em formato 21 cm x 27,5 cm, todo em P&B, com roteiros de Mike Baron, desenhos do bamba Whilce Portacio e arte-final de Scott Williams. Um ano depois, em 1992, a mesma Abril editaria uma série de oito números, de igual tamanho.

Essa saga ajudou a ampliar o prestígio do vigilante marvete mais próximo da ficção realista e da ética do Exército de Um Homem Só, celebrizada no cinema pela franquia nos anos 1980, pela franquia "Rambo", por "Comando Para Matar" e pelos filmes de Charles Bronson. Frank Castle, o Punisher (nome original desse guardião da Lei), é meio Bronson e meio Stallone - com a determinação do Exterminador do Futuro de Schwarzenegger, embora seja de carne e osso. Seu aniversário de 50 anos deixa todas as suas virtudes pop à flor da pele e alimenta dois mercados: o editorial e o audiovisual.

Levado às telonas no passado por Lundgren, Thomas Jane e Ray Stevenson, Castle ganhou o rosto (e o talento) de Jon Bernthal na série do "Demolidor", da Netflix, e nas duas temporadas de seu próprio seriado. Agora, cinquentão, ele volta (via Bernthal) na série Disney "Born Again", coadjuvando o Homem Sem Medo Matthew Murdock (com Charlie Cox). Estreia em 2025.

Paralelamente ao projeto Disney, nos gibis americanos, Castle foi substituído por outro às da pancadaria (e da pontaria): Joe Garrison. Na trama, o Justiceiro original sumiu, sem deixar vestígios, nem explicações, deixando um vácuo no combate ao crime que o ex-agente da organização superpoderosa Shield - um John Wick chamado Garrison - tenta sanar. Ele foi apresentado ao público leitor em novembro, em aventuras roteirizadas por David Pepose, sob a pena do ilustrador Dave Watcher. Na edição atual, ele encara a célula terrorista Jigsaw.

No Brasil, a editora Panini resolveu fazer festa pela efeméride da criação de Castle: ele apareceu em fevereiro de 1974, nas páginas do gibi "The Amazing Spider-Man" #129, numa caçada ao Homem-Aranha. Seus pais: o roteirista Gerry Conway e os desenhistas John Romita Sr. e Ross Andru. No site www.panini.com.br, encontra-se a fase mais recente de Castle no país, na qual ele vira o líder da quadrilha de ninjas Tentáculo. Vende-se por lá ainda uma trinca de encadernados escritos pelo irlandês Garth Ennis (de "The Boys") e uma pataca assinada por Mike Baron e Klaus Janson.

O maior presente da Panini aos fãs é um tijolaço de 496 páginas com historietas de "Punisher War Journal", reunindo os 19 volumes desse arco de 1988, idealizado por um Midas do traço bom: Jim Lee. Merece destaque também a compilação "Corações Sombrios", na qual Castle une forças às garras do Wolverine e ao fogo infernal do Motoqueiro Fantasma. Vale ainda investir um troco na edição n° 7 de "A Saga do Homem-Aranha", na qual o Justiceiro dispara suas balas contra o Escalador de Paredes. O filé desse cinquentenário é "Justiceiro: Zona de Guerra", com capa dura e 160 páginas de pura adrenalina. Seu miolo ilustrado reúne clássicas histórias escritas por Chuck Dixon e desenhadas por John Romita Jr.

 

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