Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Presente de Natal na telinha: Thriller natalino se candidata a fenômeno

O Bom Velhinho (David Harbour) usa um martelo contra o Mal em 'Noite Infeliz' | Foto: Divulgação

De onde menos se esperava um sucesso de bilheteria - a seara de filmes de Natal - o thriller de Boas Festas "Noite Infeliz" ("Violent Night"), com David Harbour (o Jim Hopper da série "Stranger Things") fez a alegria dos exibidores em 2022, deixando redes de salas projeção de todo mundo aos sorrisos, de orelha a orelha. Sua arracadação beirou US$ 76 milhões.

Seu êxito agora está no streaming, na grade online do Telecine. Dá para comprar sua projeção vida Amazon Prime. O desempenho de David Harbour explode nas redes, pelo jeitão cheio de deboche de sua atuação.

O êxito da produção em circuitão confirmou uma máxima que está redesenhando as cartilhas da indústria do audiovisual, na linha do fenômeno "John Wick", franquia com Keanu Reeves cujo diretor e idealizador, o dublê e cineasta David Leitch, é o produtor do atual êxito de bilheteria com Harbour. A premissa é a seguinte: filmes baratos, que não ultrapassem da marca dos US$ 25 milhões, e apostem em uma narrativa cinemática (pautada pelo radicalismo do movimento), com violência retratada de forma explícita, atraem plateias enjoadas do moralismo e da correção política. Foi o que se viu em 2021 com "Anônimo", com Bob Odenkirk, que custou US$ 16 milhões e faturou cerca de US$ 60 milhões. Foi essa também a situação de "Infiltrado", estrelado por Jason Statham, que ultrapassou a casa dos US$ 100 milhões na arrecadação. Agora, o trabalho de Harbour como Bom Velhinho é uma isca de cliques nas plataformas.

"Nos EUA dos anos 1970, a gente vivei uma revolução a partir do momento em que diretores de uma nova geração começaram a retratar a realidade dos Estados Unidos de maneira crítica, a fim de produzir uma crônica de costumes do momento em que o país estava. Hoje, vivemos uma época, pós-pandemia, em que esse país encontra dificuldade de financiar tramas adultas para as salas de exibição, deixando para as plataformas de streaming um caminho para investir em projetos mais ousados. Mas existe espaço para filmes que nos tragam um novo olhar sobre a realidade", disse Harbour ao Correio, quando "Noite Infeliz" começou a ser idealizado, ao dar uma entrevista, via Zoom, do Festival de Tribeca, em meio ao lançamento de "Nem Um Passo Em Falso", hoje na HBO Max, que também desafia a norma dos orçamentos Inflados. "Temos necessidade de boas histórias".

Essa necessidade a que o ator nova-iorquino de 48 anos se refere é muito bem atendida em "Noite Infeliz", sob a firme direção de Tommy Wirkola ("João e Maria: Caçadores de Bruxa"). Especialista em filmes violentos que flertam com elementos fantásticos, ele promove uma mistura de "Esqueceram de Mim" (1990) com "Duro de Matar" no longa de US$ 20 milhões que em apenas três dias arrecadou US$ 20,4 milhões mundo afora. Harbour interpreta São Nicolau em pessoa. Mas sua versão do Papai Noel mais parece o Wolverine, esbanjando impaciência e enchendo a cara de caninha da roça. Durante um 24 de dezembro em que voa pelos EUA em seu trenó para entregar presentes, ele entra pela chaminé da mansão de uma ricaça (Beverly D'Angelo, de "Férias Frustradas de Natal") que está sob a mira de um ladrão, Scrooge (John Leguizamo). Não resta a Noel outra alternativa que não seja liberar o John McClane (personagem de Bruce Willis na franquia "Die Hard") que habita em sua alma. As sequências de luta e tiroteio esbanjam adrenalina.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.