Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

São as águas de março regando os streamings

Ficção Americana | Foto: Divulgação

Tem filme indicado ao Oscar inédito em circuito. Tem campeão de bilheteria nacional. Tem cult dos festivais. Tem clássicos. O que não falta é coisa boa no garimpo da streaminguesfera nesta arrancada do mês de março nas plataformas digitais. O Correio da Manhã elencou algumas bossas:

FICÇÃO AMERICANA ("American Fiction", de Cord Jefferson: Indicado a cinco Oscars, entre eles o de Melhor Filme, esta ácida comédia de tintas políticas ganhou o prêmio de júri popular do Festival de Toronto, uma láurea que define futuros sucessos. Inédito em nosso circuito a produção traz Jeffrey Wright (dublado por Duda Ribeiro) no papel do misantrópico Thelonious Ellison, professor de Literatura e escritor de pouca notoriedade. O boom de romances sobre causas raciais e pautas identitárias fazem com que ele escreva um livro ferocíssimo, fingindo ser um ex-presidiário que faz autoficção. O êxito de sua fake novel tira sua paz no momento em que ele reconfigura sua vida afetiva. Onde ver Amazon Prime

O ASTRONAUTA ("Spaceman"), de Johan Renck: Comediante de maior sucesso de Hollywood de 1998 para cá, Adam Sandler (sempre dublado por Alexandre Moreno) se arrisca uma vez na praia do drama, com tintas sci-fi nesta adaptação do livro "Spaceman of Bohemia", de Jaroslav Kalfar. Ele vive um cosmonauta tcheco que, na solidão das estrelas, abalado pela incapacidade de preservar seu casamento com Lenka (Carey Mulligan) começa a ter visões de uma aranha gigante. O aracnídeo vira seu guru. Onde ver: Netflix

NOSSO SONHO - A HISTÓRIA DE CLAUDINHO E BUCHECHA (2023), de Eduardo Albergaria: Ímã de lágrimas, capaz de botar a plateia pra dançar (sentadinha na poltrona), este drama biográfico sobre o duo estrelas do funk melody nas Américas foi responsável pela maior arrecadação do ano, depois de vender cerca de 550 mil. Produtor na Urca Filmes, Albergaria apostou na ficção inspirado por memórias afetivas de sua mocidade, nos anos 1990, quando Cláudio Rodrigues de Mattos (1975-2002) e Claucirlei Jovêncio de Sousa (aka Buchecha) estouraram nas rádios. Comovente do começo ao fim, sem ser excessivamente melosa um segundo que seja, a produção apostou no carisma dos atores Lucas Penteado e Juan Paiva, que encarnam os bardos românticos por trás de "Só Love" e "Fico Assim Sem Você". Onde ver: Telecine Play/ Amazon

MÃE SÓ HÁ UMA (2016), de Anna Muylaert: A realizadora de "Que Horas Ela Volta?" (2015) fez da Berlinale a vitrine para esta reinvenção de um fato policial real, de tons melodramáticos. Na trama, a vida do adolescente Pierre (Naomi Nero) vira de cabeça pra baixo quando ele recebe uma denúncia e é obrigado a fazer um teste de DNA. Após o resultado, ele descobre que a mulher que chamava de mãe não é sua verdadeira genitora e é obrigado a trocar de família, de nome, de casa, de escola… e, quiçá, de identidade de gênero. Onde ver: MUBI

CHI-RAQ (2015), de Spike Lee: O diretor de "Faça a Coisa Certa" (1989) deleitou-se nos códigos do filão musical ao rodar esta versão da peça grega "Lisístrata", escrita por Aristófanes em 411 a. C., para a Chicago dos dias atuais. O cineasta retrata uma greve de sexo comandada pela namorada de um traficante a fim de diminuir a violência do local. Lisístrata é interpretada por Teyonah Parris, numa narrativa antirrealista, cheia de elementos gráficos característicos dos idiomas digitais da era I-Phone, Twitter e WhatsApp, que marca a volta de antigos parceiros do cineasta como Angela Bassett, Wesley Snipes (memorável na pele do chefão Ciclope) e Samuel L. Jackson, encarnando o narrador do longa. Onde ver: Amazon Prime

AFIRE ("Roter Himmel"), de Christian Petzold: Embalado pelo hit "In My Mind", do grupo vienense Wallners, o novo longa do diretor de "Phoenix" (2014) e de "Undine" (2020) presta tributo à literatura numa articulação entre a arte da escrita e a arte do viver. Sua habitual parceira, a atriz Paula Beer, brilha no papel da misteriosa hóspede de uma casa no litoral, numa fase alta de calor, onde um aspirante a escritor, Leon (Thomas Schubert), anseia por uma avaliação de seu editor. Mas há incêndios ao redor, na mata, acossando os moradores e visitantes. Haverá um incêndio dentro dele também, mexendo com sua incapacidade de amar. Ganhou o Grande Prêmio do Júri na Berlinale 20203. Onde ver: Reserva Imovision

 

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