Responsável por lançar no Brasil ganhadores de Palma de Ouro ("Titane"), Ursos da Berlinale ("Alcarràs") e Conchas Douradas do Festival de San Sebastián (caso de "Beginning"), o streaming MUBI promete um abril de alegria para a cinefilia que compõe seu rol de assinantes. "Todos Já Sabem", de Asghar Farhadi, deu um pontapé nas atividades da plataforma. Vai ter espaço para cults como "O Homem-Urso" (2005), de Werner Herzog, e "A Comilança" (1973), de Marco Ferreri (1928-1997) em seu rol de longas de mestres. Na sexta, entra por lá uma joia: o hilariante "Yannick", de Quentin Dupieux.
Trata-se de uma discussão (brilhante) sobre o fosso de classes sociais embalada no faniquito dado pelo personagem título - um representante do operariado francês vivido por Raphaël Quenard - quando vai a uma peça de teatro, numa casa de espetáculos burguesa, e considera o texto enfadonho. De arma em punho, ele força o elenco a encenar um novo texto. A tensão que essa premissa cria na tela grande é recebida pelo público do cinema sob o filtro do humor nas raias do absurdo de Dupieux, conhecido no Brasil por "Rubber" (2010) e ""Deerskin - 100% Camurça" (2019).
No dia 12, sua grade - hoje dedicada aos curtas animados de Suzan Pitts - acolhe "Dias Perfeitos", a melhor ficção do alemão Wim Wenders neste século. No mesmo dia, o www.mubi.com acolhe "O Livro de Imagem", que rendeu uma Palma de Ouro de Honra a Jean-Luc Godard (1930-2022).
Existem resquícios de astros hollywoodianos em "Le livre d'image", entre eles Joan Crawford, Paul Newman e Sterling Hayden. Ah! E é possível ver um frame do "Tubarão", de Spielberg. Mas são apenas citações cinéfilas, que vão se descontruindo conforme Godard vai superpondo a elas uma narração filosófica.
Na semana que vem, como um aquece para a estreia de "A Paixão Segundo GH", um .doc pouco conhecido de seu diretor, Luiz Fernando Carvalho, passa a ser exibido pela plataforma: "Que Teus Olhos Sejam Atendidos".
