Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

A 'Brasilflix' da Região dos Lagos

O Bandido da Luz Vermelha | Foto: Divulgação

Faroeste do Terceiro Mundo, considerado por muitos um dos maiores filmes deste país, "O Bandido da Luz Vermelha" (1968) é um dos primeiros cults que chegam ao acervo da Maricá Filmes, streaming que é um curso de cinema em forma de plataforma. Aliás, é a primeira de seu formato a ser pública.

Pérolas do cinema brasileiro não lhe faltam, como "Cinema Aspirinas e Urubus" (2005), de Marcelo Gomes; "A Alegria É A Prova dos Nove" (2023), de Helena Ignêz; "Baile Perfumado" (1996), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas; "Meu nome É Maalum" (2021), de Luisa Copetti; e "O Passageiro - Segredos de Adulto" (2006), de Flávio R. Tambellini. O tratado antirracista "A Negação do Brasil" (2000), de Joel Zito Araújo, também integra suas fileiras, repletas de títulos sobre populações indígenas e suas ancestralidades.

O projeto foi desenvolvido pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura de Maricá (ICTIM), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura maricaense.

Sua criação foi divulgada na edição 2023 do fórum Rio2C e, de lá para cá, a plataforma publicou edital com o aporte de R$ 500 mil para o licenciamento de conteúdo, com mais de novecentas (900) obras em audiovisual inscritas de todas as regiões do país. Agora, o www.maricafilmes.com.br apresenta seu catálogo com 65 títulos, com filmes nos formatos de curta, média e longa-metragem.

"A curadoria da Maricá Filmes é uma equipe interdisciplinar, composta por profissionais ligados ao cinema, que tem em comum o desejo de fazer uma plataforma plural e dialógica, no sentido de interagir com os receptores e com os fazedores de cinema local", diz Maria Geralda de Miranda, historiadora e consultora do Comitê Científico em Cultura do ICTIM. "É uma plataforma includente e deseja ter o rosto do Brasil, suas nuances, suas paisagens e a representação de seu povo, por meio do mais variado gênero de filmes, de modo que seu alcance seja amplo, e plural".

Diretores que se tornaram grife autoral, como Silvio Tendler, papa do documentário histórico, tiveram sua obra incorporada à seleção da Maricá Filmes. Mestre da não ficção, bamba no uso do arquivo, Tendler levou para lá sucessos de bilheteria como "Os Anos JK" (1980) e trabalhos mais recentes como "Dedo na Ferida", laureado com o prêmio do júri popular no Festival do Rio 2017. Estão disponíveis ainda "Alma Imoral" e "A Bolsa Ou A Vida".

"A curadoria da Maricá Filmes é ampla, plural e diversificada para que todos os gêneros de filmes estejam representados em nossa plataforma", diz Tendler.

A leva de filmes estrangeiros da Maricá Filmes é abrilhantada por marcos do expressionismo como "O Gabinete do Dr. Caligari" (1920) e "Nosferatu" (1922). Há ainda um marco do terror moderno: "A Noite dos Mortos-Vivos" (1968), de George A. Romero. Em breve, três obras originais e exclusivas da Maricá Filmes, produzidas com profissionais da cidade de Maricá e alunos da Incubadora de Inovação Social e Cultura do município, serão disponibilizadas na plataforma.