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A liberdade criativa na solidão

A premiada companhia franco-brasileira Dos à Deux (Costas a Dois) estreia, no teatro do Oi Futuro, o espetáculo "Enquanto você voava, eu criava raízes". A partir de uma imersão profunda, os artistas encontram na solidão uma liberdade criativa que ainda não haviam experimentado em 30 anos de carreira.

Assim como em suas obras anteriores, eles partiram de uma palavra-chave para elaborar a dramaturgia visual. O medo - e as múltiplas sensações provocadas por este sentimento - foi o ponto de partida desta montagem. Porém, não apenas o medo enquanto força paralisante, mas como um impulso para uma travessia rumo ao renascimento.

Com o isolamento, num momento de instabilidade e fragilidade coletiva, Artur e André mergulharam nos múltiplos medos que nos atravessam para, aos poucos, chegar a estados, sentimentos e emoções, a que deram o nome de "espaços íntimos de sensações". "Já nascemos com medo. O primeiro é o da nossa própria sombra, o encontro com o nosso duplo, mas sem rosto. Algo que desconhecíamos e que nos acompanha a vida inteira", diz André Curti. "Este trabalho, diferente dos outros, se manifestou de forma quase mitológica, recuperando o ritualístico, resgatando do teatro elementos fortes que são da tragédia - o ritual, a perda, a morte, a separação. Cada 'quadro', num primeiro instante, impõe uma leitura metafísica, revelando símbolos que reverberam no inconsciente. É um espetáculo para ver com os ouvidos e ouvir pelos olhos", conta Artur Luanda Ribeiro. (C.C)

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