Era uma vez, um menino de 11 anos que sonhava em ser ator (hoje é diretor e roteirista) e queria porque queria frequentar uma famosa escola de formação de atores. Depois de a mãe e a avó ficarem numa fila tipo Taylor Swift, lá foi ele para as aulas. Com três delas, desistiu alegando que não tinha peça de fim de ano, o que chamamos hoje de prática de montagem
Houve também uma época em que as crianças queriam ser trapezistas, bombeiros, astronauta. Hoje, muitos, falam que querem atuar em musicais. Cantar, dançar e interpretar - competências que exigem formação bastante específica.
O sucesso de musicais - com uma ocupação em torno de mais de 90% - contribui em muito para isso. No ano de 2023, foram 40 novas montagens, cobrindo os tipos que são sucesso no Brasil: tradução da Broadway; temas nacionais; e biografias de artistas brasileiros que, no caso, substituem shows e concertos, pois o público se entusiasma pelas canções.
Sobre essa tríade, Leila Moreno da Sarau, observa que a maior disparidade está nas possibilidades de captação. "Para as empresas, muitas vezes é mais atrativo um título da Broadway, já conhecido e muitas vezes até esperado pelo grande público. Mas o musical brasileiro tem encontrado seu espaço. O público ama, se vê ali representado em histórias e situações. É a nossa cultura e identidade", comenta.
"A Sarau já trouxe grandes ícones como 'Suassuna' e 'Jackson'. Há 30 anos valoriza a cultura nacional em seus projetos. O teatro musical brasileiro hoje tem enorme qualidade técnica e artística. E um público frequente", continua a produtora.
Ao mesmo tempo, em outra ponta crescem as escolas de formação específica para os musicais, com ênfase nas práticas de montagem. São dessas práticas de montagem que emergem os atores para as chamadas audições, seleções para notadamente para os musicais, nas quais a participação desses jovens é fundamental.
A Incena desenvolve um trabalho que nos trouxe no mês de novembro dois clássicos - "Fame" e "O Auto da Compadecida".
Segundo Cario Godard, diretor, "Fame" é diferente de tudo o que já foi visto, pois fez questão de assistir todas as outras para ter certeza de que não estava fazendo nenhuma delas. "Essa montagem é única por vários motivos. Não só pela música, o cenário ou o figurino, mas, principalmente, pela forma de contar. Algumas cenas são bem dramáticas, como no original, mas outras são para cima, divertidas, algo que não é observado em outras montagens", compara.
"O Auto da Compadecida", com direção de Claudia Ventura e Alexandre Dantas, ganhou contemporaneidade e será apresentado de uma forma que o público não está acostumado a ver. Os personagens não tem sotaque, o cenário não tem adereços nordestinos e as músicas não seguem o compasso dos cancioneiros populares. Tudo foi adaptado para não ser óbvio.
"Acho que o grande diferencial nesta montagem é trazer as origens do circo-teatro, onde o elenco é uma trupe, um grupo de contadores, que chega ali para se divertir e contar essa história, sem cair no óbvio. Quisemos trazer uma encenação diferente que toque e fique nas pessoas", destaca Claudia Ventura.
SERVIÇO
Teatro Clara Nunes -
Shopping da Gávea (R. Marquês de São Vicente, 52) FAME: até 25/11, sábado (20h) e domingo (19h) - Ingressos: R$ 100 e R$ 50 (meia)
O AUTO DA COMPADECIDA: até 24/11, quinta e sexta (20h) - Ingressos: R$ 100 e R$ 50 (meia)