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O cabaré na visão do Galpão

O premiado Grupo Galpão (MG) inicia no Rio curta temporada do espetáculo 'Cabaré Coragem' | Foto: Mateus Lustosa/Diculgação

Uma das trupes teatrais mais prestigiadas do Brasil, o Grupo Balcão desembarca em palcos cariocas com o espetáculo "Cabaré Coragem", que traça uma linha a percorrer o universo dos cabarés, de Bertold Brecht (1898-1956) à contemporaneidade. A temporada vai desta quinta-feira (30) a domingo (3) no Teatro Rival que traz em sua história uma tradição de receber montagens de teatro de revista.

Aqui o multimpremiado grupo mineiro apresenta uma trupe envelhecida e decadente que, apesar das intempéries e dos revezes, reafirma a arte como lugar de identidade e permanência.

Mesclando um repertório de músicas interpretadas ao vivo com números de variedades e danças, fragmentos de textos da obra de Brecht e cenas de dramaturgia própria, o "Cabaré Coragem" convida o público a uma viagem sonora e visual.

Fiel às suas origens de teatro popular e de rua, o Galpão busca nesta nova montagem a ocupação de espaços alternativos, rompendo a relação entre palco e plateia, uma de suas marcas registradas.

Com direção de um de seus integrantes, o ator e diretor Júlio Maciel, o espetáculo conta com direção musical, trilha e arranjos de Luiz Rocha, dramaturgia coletiva com supervisão de Vinicius de Souza, cenários e figurinos de Márcio Medina, iluminação de Rodrigo Marçal e, no elenco, os atores Antonio Edson, Eduardo Moreira, Inês Peixoto, Luiz Rocha, Lydia del Picchia, Simone Ordones e Teuda Bara.

Maciel conta que já se passaram muitos meses desde que a trupe iniciou um debate na busca por um novo espetáculo. "Como sempre, vieram muitas ideias, uma enxurrada de sonhos e vontades. Líamos Bertolt Brecht à procura de inspiração e para entender o caos político e social que vivíamos, enquanto uma persistente pandemia nos assombrava. Lembro-me de que, num desses encontros, às vezes acalorados, alguém disse a palavra 'Cabaré'", recorda. Naquele instante, conta o artista, os olhos de todos se acenderam: "Logo depois, fomos inundados por indagações. Um Cabaré Brecht? Um Cabaré Brasileiro? Um Clássico? Jovem? Contemporâneo? Político? Feroz? Drag? Vedete? Teatro de Revista? E o teatro? O que diferencia o Cabaré do Teatro? Seria uma peça sobre um Cabaré de Beira de Estrada? Um Inferninho, com tipos excêntricos? Ou um show, uma festa de reencontro com o público?", acrescenta.

Criado por cinco atores, em 1982, a partir do espetáculo "A Alma Boa de

Setsuan", montagem conduzida por diretores do Teatro Livre de Munique (Alemanha), o Galpão se valeu dessa rica experiência para se lançar numa proposta de construção de um teatro de grupo, de pesquisa, e com raízes profundamente populares - ligada à tradição do teatro popular e de rua. Há 41 anos, o grupo desenvolve um teatro que alia rigor, pesquisa e investigação de linguagens, com montagem de peças com grande poder de comunicação com o público, formando uma linguagem artística própria. A trajetória do Galpão remonta a 26 espetáculos assistidos por quase 2 milhões de espectadores, com 100 premiações nacionais e apresentações em 19 países.

SERVIÇO

CABARÉ CORAGEM

Teatro Rival (Rua Álvaro Alvim, 33 - Cinelândia)

Ingressos: R$ 90 e R$ 45 (meia)

 

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