CRÍTICA / TEATRO / MUITO PELO CONTRÁRIO | Nem sim, nem não...

Por Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

Emilio Orciollo Netto vive as peripécias de um pai de primeira viagem em plena pandemia

O dilema do hetero cis branco de elite é parodiado em "Muito Pelo Contrário". O texto de Antonio Prata, com direção de Wilma Melo e Victor Garcia Peralta e protagonizado por Emílio Orciollo Neto, traz à luz a saga de um herói transmudado em pai de primeira viagem, durante a pandemia.

Está tudo lado com descrição fidelíssima: o novo papel, o exercício das funções anteriormente relegadas às mulheres, os desejos de todos os tipos, inclusive sexuais.

A direção de Vilma e Victor dá uma movimentação ao texto que amplia as "confusões" do estado de alma do personagem. Nada é gratuito e, muito menos, exagerado. É a medida correta para provocar o interesse da plateia naquilo que Emilio fará ou deixará de fazer. O ator ganha um patamar muito interessante: as piadas são cortantes, mas não se faz naquele tom pastelão de comédia.

O cenário é muito interessante com uma profusão de roupas de bebê, todas brancas o que ilumina o palco, transformadas em bandeirinhas. Ao mesmo temo, o clima festivo de inspirado pelas bandeirinhas é a mostra da repetição infinita, cansativa da vida comum. É a aparente vida sem graça que, durante a peça, muda de ponta a cabeça. Mais não conto, porque é sem spoiler.

SERVIÇO

MUITO PELO CONTRÁRIO

Teatro dos Quatro (Shopping da Gávea - Rua Marquês de São Vicente, 52/2º piso)

Até 14/12, às quintas (20h)

Ingressos: R$ 100 e R$ 50 (meia)