O musical "A Vedete do Brasil" é um resgate e uma grande homenagem a todas as vedetes brasileiras que, assim como Virginia Lane, conseguiram superar imensas dificuldades, se impor perante o olhar torto dos moralistas e viraram verdadeiras estrelas. Todo o Brasil sonhava com elas. Envoltas em mistérios, lindas, corpos esculturais, dançavam, cantavam, faziam humor, rodeadas de plumas e eram a maior ameaça às famílias.I
O espetáculo é idealizado pelo jornalista Cacau Hygino, que assina a dramaturgia ao lado de Renata Mizhari. A direção marca a estreia de Claudia Netto na função e a direção musical fica a cargo do premiado Alfredo Del-Penho. Em cena, Suely Franco interpreta Virginia já em seus últimos anos de vida, enquanto prepara uma ceia de Natal com a filha única, Marta (Flávia Monteiro), e aguarda a chegada de um amigo. Ao longo do dia, ela relembra episódios que marcaram a sua trajetória, em cenas que divide com Bela Quadros, responsável por dar vida à Virginia no auge de sua juventude.
Renata Mizhar, a dramaturga e Suely Franco, a estrela, falam com exclusividade ao Correio sobre a sua relação com Virgínia Lane, a vedete do Brasil.
Como foi a sua escolha para ser dramaturga? Você escreve outros gêneros?
Renata Mizhar - Eu me formei como atriz e já na faculdade sempre escrevi para eu atuar. Com o tempo fui tomando gosto e formei a Teatro de Nós Cia de Teatro. (com Diego Molina, Elisa Pinheiro, Anderson Ratto,Isadora Medella e Letícia Medella) eu escrevia e atuava. Aos poucos fui querendo mais escrever que atuar. Em 2010 passei a escrever para TV e cinema também. Hoje eu amo escrever para teatro e audiovisual. Sempre escrevi poesias (tenho um blog secreto) e tenho alguns contos publicados.
A capacidade de ser autora eclética criando para infantil, biografia, drama é por solicitação ou é você quem propõe?
Renata Mizhar - Acho que um pouco dos dois. Eu comecei a escrever para crianças por ter tido dando aulas de teatro numa colônia de férias. O humor e drama vem de minha origem judaica, de uma família misturada com sírios, turcos e russos. Todo meu drama vem com doses de humor. Eu vivo da escrita cem por cento na minha vida, então eu trabalho tanto por encomenda, quanto no desejo voraz de realizar meus projetos. E tenho projetos meus para teatro, cinema, humor na TV e dramas adultos e infanto-juvenis.
O trabalho para Virgínia foi construído de que forma? Você já a conhecia?
Renata Mizhar - Fui chamada nos últimos segundos do segundo tempo pelos produtores da peça Wesley Telles e Bruna Dornelas para escrever junto com Cacau Hygino. Foi quando conheci Marta Lane, a filha adotiva de Virgínia e Alex Palmeiras, o melhor amigo e maquiador, que a história apareceu. Eles falaram de uma Virgínia que não está nas entrevistas nem no Google. Através deles conheci as fragilidades, o comportamento, o temperamento dela e isso é rico e potente para uma personagem.
Suely, como foi seu encontro com Virgínia?
Suely Franco - Eu não cheguei a fazer teatro de revista, mas sempre gostei de conhecer e acompanhar, conheci e fui colega de muitas vedetes. Eu amo teatro musical e fazer musical. É onde reúne tudo que eu mais gosto de fazer, cantar, atuar e dançar. Assim como era no teatro de revista. Então é um mesmo universo de trabalho. As vedetes merecem serem lembradas sempre. Era isso que a Virginia pedia a sua filha, Marta, para que a história dela fosse sempre lembrada. E falar da história dessas mulheres é falar também da nossa cultura, do nosso teatro.
E como você se sente no palco com este papel?
Suely Franco - Poder fazer "A Vedete do Brasil", falando da Virginia Lane, está sendo uma maravilha. Virginia foi uma mulher maravilhosa, que enfrentou tantas dificuldades e foi para cima com o seu talento. Uma força de mulher. Contar essa história, em um musical e com colegas tão especiais, a direção da Claudia Netto, uma equipe fantástica. A gente tem vontade de ir logo pro teatro e fazer o espetáculo para trocar essa energia com a plateia e contar essa história.
SERVIÇO
A VEDETE DO BRASIL
Teatro Copacabana Palace (AV. Nossa Senhora de Copacabana,261)
Até 28/1, de quinta a sábado (19h30) e domingos (18h)
Ingressos entre R$ 25 (meia) e R$ 160