Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

CRÍTICA TEATRO - PALAVRAS DE MULHER: Quatro ases e um coringa

A direção alcança um patamar que destaca a atuação das atrizes | Foto: Divulgação

Existem pessoas que são iluminadas, resilientes, incansáveis. Veem o que o outro não nem percebe. Por isso vão para algum paraíso, ocupado por aqueles que lutaram, batalharam e brilharam, com a generosa exposição de seus talentos. É disso que trata Palavras de Mulher que reúne na biblioteca do céu quatro ases de nossa literatura, militância na politica e na luta pela mulher: Eneida de Moraes, Carmen da Silva, Clarice Lispector e Hilda Hilst.

Em um ambiente que lembra uma biblioteca, com vários textos pendurados, formando um enorme móbile, chegam as quatro atrizes: Izabella Bicalho (Eneida), Stella Maria Rodrigues (Carmen), Clarice Laura Proença (Clarice) e Helga Nemetik (Hilda) em extraordinárias figurinos do premiado Wanderly Gomes. Wanderley consegue de uma tacada só definir a personalidade e o tipo de obra de cada uma. E ainda por cima, as roupas, os sapatos, as bijous são daqueles que queremos levar para casa.

A estrutura dramatúrgica de Rachel Gutiérrez, a autora, são as quatro, em um clima de intimidade, fumando e bebendo, falando de suas vidas, lendo trechos da obra de uma das outras presentes. É a direção de Sergio Fonta que alcança um patamar que destaca a atuação das atrizes, assim como o diálogo que ressalta a altíssima qualidade dos textos de cada uma.

A experiência afetiva, o encontro de almas, mulheres que possuíam um talento absurdo mostram à plateia um elenco afinado, mas acima de tudo como uma aparente colcha de retalhos é um quadro bem pintado ou um maestro (Sergio Fonta) rege um quarteto de cordas que nos traz uma sinfonia de poesia emocionante.

SERVIÇO

PALAVRAS DE MULHER

Teatro Candido Mendes (Rua Joana Angélica, 63 - Ipanema)

Até 21/1, às quartas-feiras (20h), sábado e domingos (18h)

Ingressos: R$ 35 e R$ 17,50 (meia)

 

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