Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

CRÍTICA TEATRO - À BEIRA DO SOL: Minha vida e o Astro-Rei

Naira interpreta Arian, a Vigia do Sol | Foto: Diego Bresani/Divulgação

Em todos os grupos sociais, há um conjunto de histórias, mitos, que relacionam a vida dos humanos com os fenômenos da natureza. Sol, lua, chuva, dia e noite não se explicam pelas ciências. O que se vê, sempre, é como a natureza é parceira ou não, muitas vezes em papéis como pai, mãe, filho, amante. "À Beira do Sol" é um canto, uma elegia, o percurso do herói, no caso heroína, de como se vencer o sol para manter a vida.

A peça infantojuvenil trazer elementos lúdicos, de muitos diálogos com o jeito daqueles das crianças, é, na verdade, uma pequena odisseia, dividida nos chamados cantos - episódios com uma história em si. Com direção e dramaturgia de Naira Carneiro (Cia Os Buriti) e Duda Rios (Cia Barca dos Corações Partidos), introduz a música como elemento de reforço ao lindo texto.

Naria interpreta Arian, a Vigia do Sol que tem como missão impedir que o sol desapareça, pois o que está em jogo é a luz versus a escuridão. A metáfora de múltiplos significados, pois ter a luz, vai desde nascer, até a envolvente claridade, a vida e a escuridão da obscuridade, da morte. A canoa nos remete ao mito de Hades, quando os mortos chegam às trevas, pois consegue transformar texto em música, música em poesia, teatro em pura beleza. E todos esses elementos estão lá. Duda assim como Naria são verdadeiros arautos da cultura brasileira e de como pode se misturar os valores dos povos originários, das artes nordestinas, das pessoas em contato com seus afetos.

Essa capacidade nos remete aos princípios do que é a ficção desde que Shakespeare inventou o teatro como o conhecemos. O protagonista há de eliminar o mal, combater a escuridão e trazer a emoção das palavras como o elemento de resgate. "À Beira do Sol" realiza isso comovendo a plateia.

SERVIÇO

À BEIRA DO SOL

Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Primeiro de Março, 66 - Centro)

Até 25/2, às sextas (19h) e sábados e domingos (16h)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia)

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.