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Para desmoronar preconceitos

Marcela Treze espera que o público se encante com a beleza da pombagira | Foto: Bia Póvoa/Divulgação

Acumulando 17 Prêmios e 24 indicações, o espetáculo "Menina Mojubá", em cartaz no Teatro Glauce Rocha, busca desconstruir preconceitos relacionados às religiões de matriz africana através da história empática de uma pombagira chamada Menina. Trazendo elementos autênticos da ritualística de terreiro, como os sons vibrantes do tambor, o aroma envolvente das ervas e outros elementos, a peça oferece uma imersão cultural.

Partindo do princípio de que a falta de conhecimento é o que sustenta a intolerância religiosa, "Menina Mojubá" coloca a existência de uma entidade de origem afro-brasileira no coração do debate, com o objetivo de questionar e desconstruir preconceitos.

Com dramaturgia e atuação de Marcela Treze e direção de Gabriel Gama, o espetáculo revela a história de Menina, uma criança que cresceu na rua, conheceu as durezas da miséria, foi exposta a caminhos ilegais e esbarrou em um cortiço onde conheceu a maldade humana, mas Menina carregava em si uma força ancestral que a fez rainha no mundo espiritual. Sendo assim, ela busca garantir não só a própria sobrevivência, mas a de todos que são merecedores do seu amor.

"Menina Mojubá" tem o potencial de contribuir para o processo de desconstrução de preconceitos enraizados em relação às religiões de matriz africana, humanizando as entidades, como explica Marcela. "O espetáculo conta a história da pombagira de maneira empática, fazendo com que o pensamento imposto pela sociedade, muitas vezes demonizando este ser, se transforme em um novo olhar sobre essas entidades, criando uma relação mais humana e menos mistificada", destaca a atriz a autora.

A peça se destaca por incorporar elementos autênticos da ritualística de terreiro, como os sons vibrantes do tambor, o aroma envolvente das ervas, e os pontos cantados, proporcionando uma imersão completa aos espectadores. "O público é surpreendido ao entrar no espetáculo com o aroma das ervas e incensos depois de tomar uma cachaça branca para aguçar os sentidos, enquanto os músicos tocam para exu nos atabaques. Durante o espetáculo, são sete trocas de figurinos, dando vida e identidade aos personagens apresentados", detalha Marcela.

"Menina Mojubá" toca em questões culturais profundas e urgentes. "Para nós, um grupo preto de axé, ter espaço para contar nossas histórias já é algo grande. Conseguir ser reconhecido, não só pelo trabalho artístico, mas pela beleza e força da trajetória de uma pombagira, é a sensação que estamos honrando a nossa ancestralidade", defende Marcela.

"Menina Mojubá" é um espetáculo essencialmente pautado na ancestralidade, sendo também um movimento de reconhecimento e valorização das entidades de matrizes africanas, muitas vezes mal compreendidas e estigmatizadas na sociedade. "Todos os dias antes de começar a apresentação, eu peço aos meus guias que entreguem aquilo que as pessoas buscam ali. Peço para que saiam encantados pela beleza de pombagira e certos que essa entidade transmite amor", conta.

SERVIÇO

MENINA MOJUBÁ

Teatro Glauce Rocha (Av. Rio Branco, 179 - Centro)

Até 17/3, sexta e sábado (19h) e domingo (18h)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia)

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