Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

Quando os opostos se unem

Sob a direção sensível de Guilherme Piva, a nova montagem de 'Norma', uma ode ao respeito às diferenças, tem Rainer Cadete e Nívea Maria no elenco | Foto: Leo Aversa/Divulgação

"Norma", o texto de Dora Castellar e Tônio Carvalho, retorna aos palcos em nova montagem dirigido por Guilherme Piva, com Nívea Maria e Rainer Cadete nos papeis principais. A peça estreou em 2002, tendo Ana Lúcia Torre e Eduardo Moscovis em sua primeira montagem e percorreu o país por mais de quatro anos, com grande sucesso de crítica e público.

"Norma" já traz no título o cerne da história. Norma é o regular, é o que as pessoas devem seguir, é forma de lei. Assim é a personagem principal que entra em conflito com Renato, o jovem que foi o inquilino anterior do apartamento que ela aluga.

É do desenvolvimento da história, da atuação, da mensagem e a experiencia de encenar o espetáculo que Nívea Maria e Rainer Cadete falaram com exclusividade ao Correio da Manhã.

"Norma é o personagem que possui tantas perdas, mas que é um ganho para uma atriz, porque assim pode criar um personagem verdadeiro, que chega ao público. O que se perde, na verdade se tem um retorno da realidade, de se aprender a viver melhor. É que tento passar no personagem Norma. Ela tem muita tristeza, muito desespero, muita raiva, muita solidão, mas ela se transforma durante o espetáculo. Que é fantástico, que é um presente para mim, e eu acho que é isso que o público está reconhecendo na criação de Norma", comenta a veterana atriz.

Essa criação, destacada por Nívea, vem muito da direção do Guilherme Piva e de dividir com o Rainer Cadete em cena, além da orientação de se ter cuidado com os excessos. "A criatividade de Guilherme montar um espetáculo, que já tem 22 anos, de uma forma moderna, de uma forma verdadeira, de uma forma que impacta o público não só no conteúdo, como na imagem, na luz, no cenário", elegia.

"A mensagem mais importante desse texto é que a gente precisa se humanizar, de amor, de respeito para com o outro, de entender as diferenças, de aceitar o ser humano como ele é, que hoje sofre mais do que é feliz por tantas coisas que a gente vem vivendo. Eu acho que é por isso que vai até o público e eu acho que acerta o coração em cheio. Esse momento da minha carreira... é um presente", comemora.

E Rainer Cadete destaca seu personagem Renato, um homem apaixonado. "O amor é cuidado, acolhimento, um querer bem. Ele não é arrogante! O amor é algo? O outro não tem o direito de opinar como a gente deve ou não amar. É maior no peito de quem ama do que de quem recebe o amor, porque está dentro da pessoa que sente. Qualquer forma de amor é válida. E quando existe amor de verdade, existe também diálogo e empatia, aí os conflitos se dissolvem", defende.

Cadete elogia a qualidade do texto de "Norma. "O texto é maravilhoso, cada palavra escrita é muito gostosa de falar, muito boa de interpretar. Um dos maiores desafios é que, depois que a gente está em cena, não há um minuto que a gente saia e volte; a peça é uma montanha-russa de emoções. O nosso diretor nos conduziu de uma forma cirúrgica e elegante, desenhando com a gente, todas as viradas e surpresas que o texto aponta, eu acho muito interessante, porque a direção dele foca no trabalho do ator", conta, acrescentando que o resultado da montagem é "um espetáculo visceral com revelações, embates, camadas e emoção". "Eu adoro! Acontece uma catarse mesmo lá no palco com a gente e, ao encontra o público, a catarse cria uma dimensão bem maior. A plateia ri, se emociona e comenta a peça enquanto ela está acontecendo, voltam pra assistir várias vezes e trazem pessoas para compartilhar essa experiência", observa.

Para o ator, a grande lição desta montagem foi aprendr mais sobre a importância do acolhimento e o poder transformador do diálogo. "Percebi como um simples encontro pode ser revolucionário e mudar para sempre a vida de uma pessoa", ressalta.

SERVIÇO

NORMA

Teatro das Artes (Shopping da Gávea - Rua Marquês de São Vicente, 52)

Até 30/6, às sextas e sábados (20h) e domingos (19h)

Preços: R$ 140 e R$ 70 (meia)