Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

Claudio Amado: 'Não deixei de ser ator de texto'

Claudio Amado: 'Sempre gostei quando as coisas davam errado numa peça e os atores tinham que improvisar' | Foto: Divulgação

Há muita gente que, quando vai ao teatro, tem um imenso pavor diante da possibilidade de ser chamado ao palco, de os atores fazerem brincadeiras. Apesar disso, neste 2024, completam 20 anos que o teatro de improviso (chamado de "Impro" ou "Improv", o termo mundial para esse estilo teatral) chegou aos palcos cariocas. Dois espetáculos de improvisação inauguraram o gênero na capital: Z.É - Zenas Emprovisadas (que se apresentou até 2012) e o Teatro do Nada, espetáculo que batizou o nome da companhia dirigida por Claudio Amado.

Fiel a essa escola, Amado pode ser visto em cena em "Improvisa Comigo Esta Noite, que encerra temporada neste fim de semana no centro Cultural da Justiça Federal e emenda com uma curta rtemporada no Teatro Glauce Rocha.

O ator, improvisador, professor de improvisação, narrador, escritor fala ao Correio da Manhã.

Como você aproveitou suas experiências fora do Brasil? O que foi mais relevante?

Claudio Amado: Cada festival internacional de improvisação que participei nestes 20 anos de carreira dedicados ao teatro de improvisação, serviu como uma pós-graduação em Impro para mim. Em cada um deles assisti espetáculos de diferentes estilos, improvisei com eles em cena e fiz workshops com todos que pude. Ao final de cada um deles, voltei com um conhecimento muito mais amplo e com novos amigos-improvisadores de diversos países, como Peru, Chile, Colômbia, Estados Unidos, México, Portugal e Argentina.

Por que a escolha do Impro? Na infância você já fazia esse tipo de jogo?

Não foi bem uma escolha, na verdade eu já era ator profissional quando o Impro chegou em 2003 no Rio com a Gabriela Duvivier, atriz carioca que havia estudado com Keith Johnstone (1933-2023), diretor e dramaturgo inglês que foi um dos criadores do teatro de improvisação junto com Viola Spolin. Gabriela reuniu alguns atores e começou a treinar Impro. Esse grupo de treinos virou a Cia Teatro do Nada, que estreou em janeiro de 2004 na Casa da Matriz fazendo seu espetáculo de mesmo nome, "Teatro do Nada", dirigido por ela. Me identifiquei com o prazer de improvisar assim que conheci a técnica e depois tudo aconteceu naturalmente, evoluindo com o passar dos anos. Não deixei de ser ator de texto, mas realmente o Impro é o estilo que mais faço atualmente. Não fiz teatro quando criança, mas quando me tornei ator profissional sempre gostava quando as coisas davam errado em uma peça (esquecer algum objeto no camarim, a luz não funcionar na hora certa) e os atores tinham que improvisar uma solução. Nesses momentos de pensamento rápido e risco, para mim, era quando me sentia mais vivo e desperto do que nunca.

Quando o público se inibe, você faz o quê?

O formato do "Improvisa Comigo Esta Noite" é inédito e criado por mim. Nele, o público participa de toda a performance, não apenas sugerindo temas e títulos no início como acontece normalmente no teatro de improvisação. Com isso, eu incentivo a participação espontânea e valorizo aqueles que o fazem, mostrando ao público que ele pode e deve participar sem medo. Não faço "cena de plateia" e sim cenas com a plateia em conjunto, onde participa quem quiser. Se alguém quiser apenas assistir, sem problemas, não vai me atrapalhar. Eu procuro aproveitar tudo que eles me dão como inspiração para construir as cinco cenas da noite junto com eles, e assim eles se sentem valorizados e incentivados a participar. E tem sido impressionante o empenho e a euforia do público.

SERVIÇO

IMPROVISA COMIGO ESTA NOITE

Centro Cultural Justiça Federal (Av. Rio Branco, 241 - Centro)

Até 1/6, sexta e sábado (19h)

Teatro Glauce Rocha (Av. Rio Branco, 179 - Centro)

De 7 a 9/6, sexta e sábado (19h) e domingo (18h)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia)