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Uma ideia que se fez teatro

'O Fim do Teatro' compila três histórias e oferecem uma reflexão múltipla sobre a natureza humana | Foto: João Julio Mello/Divulgação

Revezando entre três narrativas que se passam no mesmo palco, mas em diferentes tempos, a obra "O Fim do Teatro" conta os conflitos de dois irmãos que herdam um teatro abandonado; a encenação da peça bíblica "Caim e Abel"; e os questionamentos de dois técnicos que lidam com os bastidores da produção teatral.

Escrito por Carolina Lavigne e André Sant'Anna, com direção de Marco André Nunes, e no elenco Jean Machado e Eduardo Speroni, a peça compila três histórias e oferece uma reflexão múltipla sobre a natureza humana, a finalidade do teatro e o que poderia ser o seu fim. Promove reflexões lúdicas e profundas sobre os bastidores do teatro, as complexidades das relações familiares, as angústias do pensamento e os diferentes caminhos que podemos seguir.

"O teatro se assemelha a algo vivo e talvez a melhor atitude à frente dele seja respeitar o seu próprio processo de gestação e desenvolvimento. Há três anos, quando criamos esse projeto, nosso desejo era fazer um espetáculo que abordasse o desmonte cultural que vivíamos até então. Claro, que com todas as mudanças que vivemos, políticas e cotidianas, o projeto ganhou novos contornos, e nesse novo caminho a palavra 'fim' ganhou uma outra conotação: a finalidade", explica Eduardo Speroni.

Com o emaranhado de notícias bombardeadas em todos os tipos de mídias - catástrofes naturais, guerras, assaltos, acidentes, preconceitos - muitas pessoas visam esvaziar suas mentes e parar de pensar como estratégia de sobrevivência social e busca pela felicidade.

"Exaltamos aqui a importância e força que o teatro tem, ao questionar, refletir e propor novos horizontes. A construção dessa peça se deu a partir das ideias de toda a equipe, ganhando vida própria, crescendo, buscando espaço, e se configurando numa obra coletiva, que contempla os desejos dos envolvidos. Viva a magia do teatro", completa Jean Machado, também idealizador do espetáculo.

De acordo com a direção, o "Fim do Teatro" busca entrelaçar o real e a representação como a maior forma de se conectar com as angústias em um momento onde a humanidade foge de lidar com os verdadeiros problemas e opta por se livrar dos pensamentos, de decisões e até de certas pessoas. "É através desse paralelo que parte o projeto, ao colocar o teatro como um grande recipiente, uma mente fora do nosso corpo, capaz de espelhar a realidade vivida e suspendendo a racionalidade em favor da experimentação e do risco", explica o diretor Marco André Nunes.

SERVIÇO

Teatro Glauce Rocha (Avenida Rio Branco 179, Centro)

De 6 a 27/6, às quartas e quintas (19h). OBS: 27/6, sessão dupla (17h e 19h)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia)