Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

CRÍTICA TEATRO - FAMINTA: Você tem fome de quê?

Natasha Jascalevic em 'Faminta', uma metáfora sobre ir além | Foto: Lorena Zschaber/Divulgação

 

Há várias formas de fome. Ambição. Prazer. Amor. A fome é sempre associada a se ter algo que é fundamental à nossa sobrevivência. A sensação é de carência, mas é desejo que pode ser doloroso, inesperado, difícil. "Faminta", com a cineasta, atriz e contorcionista, Natasha Jascalevic e direção de Duda Maia, nos apresenta um ambiente em que a plasticidade do cenário, da luz, do figurino, servem perfeitamente à metáfora sobre a capacidade de ir além.

A primeira observação que nos invade, é o vermelho, vida, sangue e carne no conjunto formado pelo plástico. O esplêndido trabalho de Duda na direção é capaz de criar cenas em que faz a capacidade de expressão corporal de Nastasha se transformar em uma instalação que se move, interage com a plataforma, com o plástico que toma o palco e que se move como uma massa corporal moldável ao que se deseja.

Ao mesmo tempo, há uma recordação da obra do pintor irlandês Francis Bacon que conta que, ao se deparar com a vitrine de um açougue, refletiu: "[…] enquanto pintor, devemos lembrar que há essa grande beleza na cor da carne. […] Nós, obviamente, somos carne, somos carcaças em potencial. Quando vou a um açougue, sempre penso que é surpreendente que eu não esteja lá no lugar do animal".

O apelo é mais amplo que uma história de vida e morte. Há poesia no texto de Natasha. Há arte em todas as suas expressões em Faminta. Há música na trilha de Azul. Há o encantamento do circo no corpo de contorcionista de Natasha. Há uma mensagem inequívoca da força da mulher. Há talento em todos os momentos. Natasha e Duda fazem do palco uma arena em que a metáfora exerce uma fascinação na platéia.

SERVIÇO

FAMINTA

Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160)

De 1 a 23/6, de quinta a domingo (19h)

Ingressos: R$ 30, R$ 15 (meia) e R$ 7,50 (associados Sesc)