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Morre a atriz Jacqueline Lauwrence, aos 91 anos

Jacqueline Laurence chegou ao Brasil na juventude e se estabeleceu como atriz | Foto: Reprodução

Morreu nesta madrugada desta segunda-feira (17) a atriz e diretora Jacqueline Laurence, aos 91 anos.
A causa da morte não foi divulgada. O óbito foi confirmado pelo Centro de Emergência Regional do Rio de Janeiro, através de nota enviada pela Secretaria Municipal de Saúde: "A direção do CER Leblon informa que, infelizmente, a paciente Jacqueline Laurence não resistiu e faleceu".

Jacqueline nasceu na França e veio ao Brasil na adolescência. Nascida em Marselha em 1932, ela veio acompanhando o pai, que era jornalista. Jacqueline nunca se naturalizou brasileira: "Aconteceu muita coisa durante a ditadura, e coisas difíceis. Nunca me naturalizei, e quando me naturalizaria, eventualidades sucederam. Depois, envelheci e não seria agora que me naturalizaria. Não tenho essa coisa de dizer que sou francesa. A contrário, sou brasileira. Podem dizer que acham o contrário, o que é natural, mas pouco me importa", disse em entrevista ao site de Heloisa Tolipan no fim do ano passado.

Ela participou de diversas novelas da Globo. Algumas das obras mais famosas são "Dancin' Days" (1978), "Guerra dos Sexos" (1983), "Top Model" (1989) e "Senhora do Destino" (2005).

 

 

Uma artista sempre ativa pelo teatro brasileiro

Por Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã


Recebi o aviso do falecimento de Jacqueline Laurence pelo Whats App. A notícia veio repleta de amor, afeto, carinho, pois Hilário e Maria da Guia Mendes jamais deixaram de cercar a excepcional artista de toda atenção. Por isso, eu tinha o privilégio de sentar ao seu lado nas estreias, nos jantares e ouvir suas histórias. Aliás, com o mesmo embevecimento com que a vi , pela primeira, em "A Menina e o Vento", de Maria Clara Machado.

Jacqueline jamais perdeu o sotaque do erre dobrado dos franceses e foi sempre ativa no melhor do teatro brasileiro, atuando, dirigindo, integrando os grupos mais importantes, lançando autores. Ganhadora dos troféus Mambebe e Molière, os mais importantes, sempre combateu o bom combate, com atuações memoráveis nos textos mais importantes da dramaturgia.

Seguia, ao pé da letra, a máxima de Molière: “Dê-me um homem sincero e eu o adorarei, dê-me um hipócrita e eu o amaldiçoarei com todas as minhas forças.” Assim, era sincera e objetiva sobre todos os assuntos, inclusive particulares. Não casou, não teve filhos e jamais se lamentou. Entendeu que vir ao Brasil não foi sua opção – seu pai veio ser jornalista no Brasil- mas jamais reclamou daqui. Falava da sua herança na França, cultural e material, com total sobriedade.

Bonita, refinada fazia papéis, sobretudo na televisão que correspondiam ao seu fenótipo. E no teatro, espaço em que não há esse tipo de limitação, atuou em todos os gêneros. “Não existe esse problema no teatro. Os atores escrevem papeis de várias idades e modos. Na TV, por sua vez, houve uma época em que fiz muitas personagens que, efetivamente, eram adequadas ao meu tipo físico, à minha maneira de ser e comportamento natural. Evidentemente, pode-se fazer certos papéis ou não. É uma questão de tipo”, comentava Jacquelines

Engraçada, com uma gargalhada sonora e franca, dirigiu e participou de um dos movimentos teatrais mais simbólicos do Rio de Janeiro dos anos 1980, o Besteirol – que projetou Miguel Falabella, Guilherme Karam ,Mauro Rasi. Talvez, por isso, costumava dizer: “Não acho nenhum ponto negativo em minha atividade teatral. Sempre fiz o que gostava”. Essa paixão passou para todos nós e vai ficar em quem teve o privilégio de conhecê-la para sempre.