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Uma ode de amor a Copacabana

Giulia Bertolli e Lilia Cabral em 'A Lista', primeiro espetáculo em que mãe e filha contracenam juntas. Depois de rodar o país, montagem faz curta temporada no Teatro Adolpho Bloch | Foto: Priscila Prade/Divulgação

Por força das circunstâncias, uma aposentada de Copacabana se vê obrigada a estabelecer contato com uma vizinha, a jovem Amanda. O encontro das duas detona um turbilhão de sentimentos, lembranças e descobertas que marcarão suas vidas. Emoção e humor marcam "A Lista", espetáculo que traz em cena Lilia Cabral e sua filha, Giulia Bertolli, juntas pela primeira vez no palco, com texto de Gustavo Pinheiro e direção de Guilherme Piva. A peça volta ao Rio para uma curta temporada no Teatro Adolpho Bloch.

Desde a estreia em 2022, a peça já atraiu mais de 50 mil espectadores que se encantaram com o espetáculo que pode ser definido como uma declaração de amor ao Rio e, em particular, a Copacabana.

A realização de uma nova temporada carioca anima toda a equipe em torno da montagem. "Fazer a peça no Rio sempre é um desejo muito acalentado por todos nós porque é a nossa cidade, é onde moramos e é onde a peça se passa. Tudo isso traz um sabor e um colorido diferentes", destaca Lilia.

Na hora de escrever sobre afeto e solidão, o autor não teve dúvida sobre onde ambientar a trama. "A peça é uma crônica do Brasil e acho que não há lugar melhor para falar do país que Copacabana, essa grande metáfora do Brasil, com seu melhor e pior, passado e presente coabitando o tempo todo. Tenho uma grande intimidade com Copacabana, morei ali por 10 anos, minha mãe ainda mora, frequento o bairro e sou fascinado por sua beleza e caos, pela multiplicidade de tipos de pessoas", explica Gustavo Pinheiro.

Outro ex-morador do bairro, o diretor Guilherme Piva, conta sobre os aspectos que movem o espetáculo. "O texto é uma verdadeira montanha-russa de emoções, cheio de camadas que vão do riso ao choro, da dor ao amor. A peça se passa em três tempos, onde iluminação e cenário realçam cada parte. É uma alegria conduzir esse encontro de duas gerações, mãe e filha, numa comédia dramática cheia de poesia e afeto", afirma.

Para Giulia, a primeira palavra que lhe vem à cabeça quando pensa em "A Lista" é "encontro": o encontro entre amigos que queriam trabalhar juntos, o encontro entre mãe e filha, o encontro entre gerações, o (re)encontro com o teatro e, acima de tudo, o encontro entre duas vizinhas que tem tantas coisas em comum. "Nesses novos tempos, 'A Lista' virou uma linda surpresa. Uma peça emocionante, surpreendente e singela, que resgata aquilo que nós seres humanos temos de mais especial: a comunicação e a empatia", destaca a jovem atriz.

A montagem de 'A Lista' é resultado de um longo processo. Criada no começo da pandemia, em maio de 2020, o espetáculo visava ajudar os profissionais da área teatral que ficaram sem trabalhar devido ao isolamento social. Obra viva, o espetáculo passou por algumas experimentações, e foi ganhando corpo com o passar do tempo. A montagem fez apresentações online de um trecho do texto para um público estimado de 170 mil espectadores. Em seguida, foi apresentado parcialmente para plateias reduzidas, atendendo as orientações sanitárias da época.

"Tivemos a oportunidade de ir experimentando. Os meses de pandemia nos permitiram esse amadurecimento do processo. Diante da resposta a esse pequeno trecho que apresentamos, constatamos que é um trabalho muito poderoso. Rapidamente o público interage e se identifica com as personagens, tal a comunicabilidade da peça e a dramaturgia clara, eficiente, sonora, divertida e emocionante. Então decidimos seguir adiante e fazer a montagem integral do texto inédito que passou por São Paulo e agora chega ao Rio", explica Lilia Cabral.

"A Lista" estreou em março de 2022, em São Paulo, e teve mais de 30 mil espectadores em oito meses de temporadas paulistas, além de apresentações em Santos, Jundiaí, Campinas e Campos do Jordão. Desde então, já fez mais de 130 apresentações, incluindo no Theatro Municipal do Rio, para uma plateia formada de professoras, assim como a personagem de Lilia Cabral.

A peça foi indicada em três categorias no Prêmio Bibi Ferreira 2022: Melhor Atriz (Lilia Cabral), Melhor Atriz Coadjuvante (Giulia Bertolli) e Melhor Dramaturgia.

SERVIÇO

A LISTA

Teatro Adolpho Bloch (Rua do Russel, 804 - Glória)

Até 28/7, sextas e sábados (20h) e domingos (18h)

Ingressos: R$ 140 e R$ 70 (meia)