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A um passo da cegueira

| Foto: Rodrigo Menezes/Divulgação

Pensando a acessibilidade de maneira global, o solo "Ato I: ensaio sobre uma atriz que está ficando cega", com atuação de Lais Lage, é uma performance sensorial e itinerante, inspirada nas vivências da atriz enquanto uma pessoa negra, periférica e PCD (baixa visão nos dois olhos).

Com direção de Wallace Lino e Bruma Machado, o projeto estreia nesta quinta-feira (25) no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto. Serão apenas quatro apresentações até domingo, todas gratuitas. A dramaturgia coletiva foi criada pela própria atriz em parceria com Wallace e Bruma durante o processo de criação.

O espetáculo itinerante ocupa todos os ambientes do Sérgio Porto. O ponto de partida o estacionamento, onde o público é recebido por Lais que conta curiosidades do seu lugar de origem, o bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste. Ainda do lado de fora do centro cultural, explica que foi diagnosticada aos 12 anos com uma condição chamada ceratocone, doença que aponta para a possibilidade de cegueira em seu estado avançado.

Em seguida, a atriz conduz o público por uma espécie de câmara com uma luz tão forte, que mal se pode ver. Em seguida, a cena se passa no espaço "a cegueira branca", com lentes e objetos pendurados que podem ser tocados. No decorrer do percurso, as cenas vão revelando memórias, afetos da artista.

"Nunca tive a possibilidade de tratar sobre a questão deficiência, até mesmo porque eu não me entendia como uma pessoa com deficiência, acho que isso é uma coisa muito tardia também. Eu fui me autodenominar PCD por volta de 2020. Então, ainda é um lugar sobre o qual eu não me debrucei completamente", conta Lais, hoje com 26 anos.

SERVIÇO

ATO I: ENSAIO SOBRE UMA ATRIZ QUE ESTÁ FICANDO CEGA

Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto (Rua Humaitá, 163) |Até 28/7, quinta e sexta (20h) | sábado e domingo (16h) | Grátis