Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

CRÍTICA - TEATRO - ALMA DESPEJADA: A paz no teatro

Irene Ravache: grande atuação em 'Alma Despejada' | Foto: João Caldas Filho/Divulgação

 

Em priscas eras, minha professora chegou à aula e falou: vocês precisam ver uma apresentadora linda, competente, jovem, radiosa. Ainda na TV Rio. A partir daí, na medida do que pude, nada perdi o que fazia a carioca Irene Yolanda Ravache Paes de Melo. E reencontro todos os adjetivos que Dona Lúcia, a professora lhe colou, em "Alma Despejada", peça com que Irene Ravache comemora seus 80 anos.

Ver Irene no palco, com todo talento, energia, uma capacidade rara de falar de cor todas as milhares de palavras, todas serem perfeitamente compreendidas e captadas, sua expressão corporal que com os gestos amplos, comedidos, discretos, expandidos, os meneios da cabeça fazem do seu trabalho uma atuação da tal ordem superior, emocionante que a vontade é de ficar no teatro só desfrutando do encantamento que acabamos de ver.

A direção do experiente, premiado Elias Andreato é sob medida para ressaltar todo o material que está no palco. As caixas do cenário de Fábio Namatame, de todos os tamanhos, ajudam a ressignificar o que se passa. A vida embutida em objetos de todos os tipos não tem importância. Estão ali como um fraco e desimportante testemunho de uma vida, aparentemente comum, um trajetória retilínea, pois o que vale são os fatos, as relações, as perdas e os ganhos da vida de Teresa.

Irene vem do grego eiréne, que significa "paz". Ter um nome de origem grega, da pátria do teatro é como se selar um destino. Irene é uma atriz completa em todos os quadrantes, com a modéstia daqueles que os deuses do teatro elegeram para dar o melhor às platéias. E como profetizou Caetano, eu quero ir minha gente, eu quero ver Irene rir. Vá ver Irene rir, chorar, sofrer, se alegrar em "Alma Despejada". Faça como Dona Lúcia nos ensinou. Não perca.

SERVIÇO

ALMA DESPEJADA

Teatro dos 4 (Shopping da Gávea - R. Marquês de São Vicente, 52/2º piso)

Até 1/9, sextas e sábados (20h) e domingos (19h)

Ingressos: R$ 140 e R$ 70 (meia)