CRÍTICA TEATRO - O BATERISTA: Um solo de bom humor
O Manouche recebe neste sábado (14) a peça-festa, "O Baterista", monólogo do ator Antonio Fragoso que encarna um baterista excêntrico em aula repleta de alunos exigentes, em que conta a história da bateria, desde a percussão dos homens das cavernas ao rock, passando por jazz, bebop, folk e blues. O eixo está em todos os passos e dificuldades em se ser baterista, essa posição semelhante à do goleiro do futebol. Sua presença não é notada, nem elogiada, agora se erra, cai o mundo. O texto mostra de forma clara e com ótimo ritmo (sem trocadilho) as agruras de uma função que é de acompanhamento e se esconde ao fundo da ação.
Roteirista do extinto "Zorra" (Globo) e autor do musical "Apesar de Você", Celso Taddei é o autor e idealizador do projeto que se une a outros craques do riso: o ator Antônio Fragoso e os diretores Diego Molina e Alexandre Regis.
A trilha sonora é um roteiro para se compreender como a bateria não é um outsider, mas um elemento estruturante: um pot-pourri de canções dos Beatles e muito rock'n'roll: de Bill Haley a Led Zeppelin, passando por The Who, Cream, Sex Pistols, Black Sabbath, Nirvana e bandas brasileiras.
Ágil e divertido, o texto também fala da relação do baterista com os outros músicos de uma banda, que muitas vezes deixam de valorizá-lo por considerá-lo um tipo inferior de músico, já que trabalha com percussão, e não com harmonia propriamente dita. Assim, o espetáculo faz um paralelo entre o preconceito que muitas vezes a música não erudita/não europeia tem com músicas consideradas "periféricas", vindas da África e do Oriente.
Depois de uma hora de risadas, de se bater os pés, palmas e balançar o corpo, chega a hora da festa para se acabar de dançar com o ator, agora DJ, Welder Rodrigues.
SERVIÇO
O BATERISTA
Manouche (Rua Jardim Botânico, 983, - subsolo da Casa Camolese)
14/9, às 21h
Ingressos: R$ 120 e R$ 60 (meia ou ingresso solidário - levando 1kg de alimento não perecível ou livro) para doação)