Mercedes Baptista, presente!
Espetáculo com Ivanna Cruz reverencia a bailarina e coreógrafa que revolucionou a dança contemporânea no Brasil, quebrando barreiras e inspirando gerações
Uma história de luta e perseverança pelo sonho de brilhar nos palcos com a sua arte, fez com que Mercedes Baptista, tornasse sua trajetória um marco histórico para a dança brasileira, tendo se tornado a primeira bailarina negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, um dos mais importantes palcos do país. Sua história e carreira longeva estará nos palcos no espetáculo "Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista", no qual a atriz e bailarina Ivanna Cruz, conduz o enredo, relembrando origens e as batalhas da mulher negra, tal como ela, para conseguir que sua arte fosse reconhecida. A história de duas gerações que não desistiram.
A peça tem direção artística de Luiz Antônio Rocha e texto de Ivanna Cruz, Luiz Antônio Rocha e Pedro Sá de Moraes, coreografias de Diego Rosa e Cenário e Figurinos de Eduardo Albini. Também estarão em cena os músicos/atores Chico Vibe e Lelê Benson e a montagem conta com iluminação de Ricardo Fujii. Mais de 90% da ficha técnica desse projeto é composta por artistas e técnicos negros, atuantes na cena cultural brasileira.
O espetáculo é um musical que resgata ritmos como o jongo, a mana Chica e ancestralidade dos ritmos trazidos da África pelos antepassados africanos, escravizados e retirados à força de suas terras e seus laços familiares e culturais e impostos à diáspora dolorosa pelos portugueses que aqui dominaram e colonizaram as terras brasileiras a partir do ano de 1500.
O repertório apresenta o resgate dessa cultura, dos sons que remetem à memória e a preservação da cultura afrodescendente, o que tanto Mercedes fez e conseguiu e que anos depois sua conterrânea, Ivanna Cruz, também seguiu pelo mesmo caminho. As duas, nascidas em Campo dos Goytacazes, nunca desistiram mesmo com a imposição de todas as formas de racismo existentes na sociedade.
O diretor artístico, Luiz Antonio Rocha, aponta que Mercedes Baptista foi e é a pedra fundamental da identidade afro-brasileira na dança influenciando várias gerações de artistas e movimentos culturais. Valorizou a identidade negra dando visibilidade, respeito às mulheres e combate ao racismo. "Sua história nos inspira, além de homenageá-la, vamos resgatar ritmos que estão desaparecendo como o Jongo e a Mana-Chica (RJ). O projeto tem como referência a cultura e a arte popular influenciadas por matrizes culturais de povos afro diaspóricos", afirma o diretor. Continua na página seguinte