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Sergio Fonta, um santo guerreiro

Por Cláudia Chaves

Especial para o Correio da Manhã

"É uma função que desempenho com respeito por todos os participantes. São dois primeiros mandamentos, se é que se pode falar assim, para presidir o júri aqui em Angra: amar o teatro e amar a Fita. Eu amo os dois", afirma o carioca Sergio Fonta, dramaturgo, jornalista, ator e diretor. E quando resume o seu papel como presidente do júri do Festival Internacional de Teatro de Angra, expressa a sua missão de vida: amar e fazer tudo e mais um pouco pelo teatro.

Sergio formou-se em Comunicação na PUC-Rio, onde fez parte do Teatro Experimental que revelou, entre outros, Regina Casé e Gilda Guilhon. Tem livros publicados e editados, entre eles "Sangue Central", "Passageiros da Estrela", "O Peixe que Virou Artista", todos pela Ed. José Olympio, além dos volumes "Rubens Corrêa - Um Salto Para Dentro da Luz" (Ed. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), indicado para o Prêmio APTR 2011 na Categoria Especial; e "O Esplendor da Comédia" e o esboço das ideias: dramaturgia brasileira dos anos 1910 a 1930 (Ed. Funarte, 2012).

Como ator trabalhou em inúmeras novelas de Janete Clair, Marcílio Moraes e Walcyr Carrasco e em mais de 40 espetáculos obras de Honoré de Balzac, William Shakespeare, Jean-Paul Sartre e Nelson Rodrigues. Dirigiu inúmeras peças e leituras públicas, ganhando o Prêmio Marco Polo, como Melhor Diretor.

Sergio continua com a alma, a força e a coragem de adolescente. Há quinze anos, dirige e apresenta, na Rádio Roquete Pinto, o programa Tribo de Teatro, no qual, além de falar de hoje, faz biografias primorosas dos nossos deuses do teatro.

E parabéns duplo, pois nesta sexta-feira (6) é aniversário deste perfeito sagitariano. Regido pelo planeta Júpiter, Sagitário tem a perfeita sensação de que todas as coisas fazem sentido, e que mesmo os acontecimentos mais absurdos de alguma forma revelam experiências e aprendizados. Desta forma, a vida é vivida como se fosse uma grande aventura, com grandes mistérios a explorar em cada esquina. Nascido no signo regido pelo rei dos deuses, dedica sua vida a nos revelar o melhor dos deuses.

É o Sergio Fonta, presidente da Academia Carioca de Letras, na qual junta todos os caminhos, que nos fala do seu programa:

"Nesses quinze anos, o programa só me deu alegrias. Enfim, realizamos perto de 500 entrevistas com performance, de novo, com profissionais de todos os segmentos, atores, atrizes, diretores, músicos, cenógrafos, figurinistas, enfim, gestores, críticos, todo mundo tinha espaço nessa minha proposta. E, por exemplo, mais de 150 atores e atrizes, como Marco Nanini, Ari Fontoura, Lázaro Ramos, Fábio Porchat Marcos Caruso e as grandes mulheres do nosso palco, como Fernanda Montenegro, Renata Sorrah, Marieta Severo, Irene Ravache e Nathalia Timberg... Mais também de 100 diretores, entre eles, Bia Lessa, Gabriel Vilela, Moacir Chaves e João Fonseca. E grupos, como o Galpão, Companhia dos AD e Atores de Laura, e também os que partiram, Sérgio Brito, Marília Pêra, Nicete, Bruno, Aderbal Freire Filho, Eva Vilma, Pedro Paulo Rangel, uma infinidade de queridos e queridas que partiram", orgulha-se.

"E também divulgamos mais de 400 livros, e divulgando também todo o movimento teatral, como fazemos até hoje. Muitos editoriais e artigos também discutindo questões fundamentais do nosso teatro pontuais. Isso, a gente não em formato de editorial atualmente, mas sempre que alguma questão pertinente ao teatro e candente uma demanda de discussão, nós colocamos entre as notas do programa sem dúvida nenhuma", continua.

Nesses anos todos, também a Tribo do teatro teve manifestações fantásticas de ouvintes dos mais variados destinos e regiões. "O programa o rádio chega longe. Eu me lembro de uma particularmente, acho que o programa estava pelo terceiro ano, em que um ouvinte me escreveu dizendo que, pedindo, reivindicando, que as companhias e produções teatrais realizassem sessões mais cedo, que não fossem sete da noite, oito da noite ou muito menos nove da noite, para que pessoas da periferia pudessem assistir às sessões. Ele me disse na carta, uma carta, que eu li no ar, inclusive, que ele, quando vi alguma sessão mais tarde. Quando voltava, tentava voltar para casa, quase não tinha, mandou um zap, dizendo que a Tribo do teatro era um ponto de luz na vida dele, porque não teria como vir ao Rio de Janeiro. Então, ouvia as notícias que eu dava e imaginava o que era. Isso me emociona sempre. O que era o teatro, no Rio de Janeiro. As estreias, os lançamentos, isso tocava fundo a ele. Nesse cantinho do cantinho de Minas Gerais. Então, atribuo só me deixa. Mais impelido, desafiado a continuar. É uma alegria estar no ar", recorda.

Nós, do Correio que já tivemos a colaboração do Sergio entre 2019 e 2022, também desejamos vida longuíssima e que todas as quintas, às 18h, na Roquete-FM você e os deuses nos dêem a mesma felicidade que eles sentiam tomando hidromel com ambrosia.