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Um jogo dialético entre o ser e o representar

Osmar Prado e Maurício Machado encenam 'O Veneno do Teatro' | Foto: Priscila Prade/Divulgação

Osmar Prado está de volta aos palcos em um texto clássico e contundente do espanhol Rodolf Sirera, um dos dramaturgos contemporâneos de maior renome na Europa. Em "O Veneno do Teatro", que entra em cartaz no próximo dia 10 no Teatro I Love Prio, no Jockey Clube, ele divide a cena com o premiado ator Maurício Machado. A direção tem a assinatura de Eduardo Figueiredo, responsável por inúmeros sucessos de público e crítica no teatro nacional.

O espetáculo conta com música ao vivo, executada por Matias Roque e direção musical de Guga Stroeter, tem vários momentos de humor e sarcasmo. Uma obra reconhecida e premiada em vários países, uma espécie de thriller, que trata de temas importantes e atuais. O texto tem abrangência uiversal ao propor ao especatdor uma reflexão pertinente sobre a ética, estética, as máscaras das convenções sociais e o jogo do poder.

Escrito originalmente em catalão, o texto de Sirera já foi traduzido para o inglês, francês, italiano, eslovaco, polonês, grego, português (de Portugal e do Brasil), croata, húngaro, búlgaro, japonês, entre outros idiomas. Foi encenado em mais de 62 países além da Espanha: Inglaterra, França, Venezuela, Polônia, Grécia, Porto Rico, Argentina, México, Estados Unidos e Japão e muitos outros. Encenada pela primeira vez em 1978, a obra coleciona prêmios mundo afora.

A peça foi escrita na década de setenta após a ditadura de Franco no início do processo democrático na Espanha e se passa na França em 1784, pré revolução francesa, ressaltando o período neoclassicista. Em sua versão brasileira, o espetáculo assume uma postura atemporal, inspirado na década de 20 em Paris.

Em cena, os dois atores criam um jogo sofisticado e surpreendente. "Prado faz uma construção contundente de seu personagem, navegando por diversas matizes ao longo da peça, sem perder seu costumeiro charme cênico e facilidade em colocar humor nas mais tensas falas, o que encanta quem o assiste. E Machado constrói seu ator vedete com tintas fortes, desfilando pelo palco de modo pavoneado, e se aproximando do naturalismo à medida que o texto avança e tal estilo é exigido cada vez mais de seu personagem", destaca o crítico paulista Miguel Arcanjo Prado.

"E uma obra interessante, um jogo dialético sobre o ser e o representar. É uma fábula moral, un thriller em torno do que a arte significa", explica o autor. "Em um momento com tantas adversidades, onde o homem apresenta sérios sinais de retrocesso e barbárie, a obra de Rodolf Sirera nos apresenta uma importante reflexão sobre civilidade, poder e até onde pode ir a crueldade do ser humano", entende o diretor Eduardo Figueiredo.

"O Veneno do Teatro" já recebeu 14 indicações de premiações, inclusive, no 23° Anual Prêmio CENYM de Teatro Nacional, com Melhor Espetáculo do Ano, Melhor Ator (Osmar Prado) e Melhor Ator Coadjuvante (Maurício Machado).

Nascido em Valencia, Rodolf Sirera é um nome importante no cenário teatral em língua catalã. Notabilizou-se com uma dramaturgia que explora temas sociais e políticos de forma profunda e crítica. Além de autor, Sirera também se dedica à tradução de obras teatrais, contribuindo para a divulgação de autores internacionais no cena teatral espanhola. Sua devoção ao teatro se estende à análise e à reflexão sobre a arte dramática. Ele é um crítico e teórico renomado, com diversas publicações sobre o tema.

SERVIÇO

O VENENO DO TEATRO

Teatro I Love Prio (Jockey Club Brasileiro - Av. Bartolomeu Mitre, 1110 - Leblon) | De 10/a 1 9/2, às sextas e sábados (20h) e domingos (19h)

Ingressos: R$ 100 e R$ 50 (meia)