O 33º Festival de Curitiba, realizado de 24 de março a 6 de abril de 2025, é sucesso absoluto. A programação cobre todas as artes performáticas, espetáculos de rua, palco italiano, monólogos, musicais, clássicos, alternativo. É a diversidade do que se vê em todos os 70 espaços. A procura que faz com que os ingressos estejam esgotados; as filas de entrada; o grupo dos sem ingresso. São mais de 350 atrações distribuídas em 70 espaços da capital paranaense e região metropolitana, com a previsão de platéia de mais de 200 mil espectadores.
A Mostra Lúcia Camargo é a principal curadoria do Festival de Curitiba, apresentando espetáculos de grande relevância nacional e internacional. A mostra reúne montagens consagradas e inéditas, trazendo produções teatrais de alto nível, com a presença de grupos locais, artistas consagrados e novas formas de arte.
A apresentação de "Prima Facie" no Teatro Guaíra, nesta terça-feira (25), foi histórica com os 2.700 ingressos esgotados e presença maciça do mundo jurídico. Promotoras, notadamente, estudantes de direito, advogados assistiram em total silêncio o monólogo em que Débora Falabella se consagra como a maior atriz de sua geração. Foram 10 minutos de aplausos ininterruptos, com a platéia impactada de pé.
Outro destque é o espetáculo "Cabaré Haikai", uma homenagem à obra multifacetada de Paulo Leminski, o grande poeta curitibano que completaria 80 anos em 2024. Com direção de Roddrigo Fôrnos, a peça explora as diversas expressões artísticas de Leminski, incluindo poesia, literatura e música. No palco, os talentosos atores Ane Adade, Michele Bittencourt, Renata Bruel e Kauê Persona contam, declamam, cantam e dançam, juntamente com músicos, trazendo à cena a essência experimental, inquieta e criativa de Leminski.
A dramaturgia, assinada por Estrela Leminski, Edu Ramos e Roddrigo Fôrnos, baseia-se em obras como "Ensaios e Anseios Crípticos", "Gozo Fabuloso", "Songbook", "Catatau" e "Toda Poesia". Paulo Leminski, além de poeta e escritor, destacou-se como compositor, criando mais de 100 canções. Suas músicas foram interpretadas por artistas como Caetano Veloso, Ney Matogrosso e Itamar Assumpção, pois explorava fusão entre poesia e música, refletindo sua versatilidade artística, ao mesclar lirismo e crítica social
"No Estoy Solo", apresentado na Caixa Cultural, é um espetáculo performático do argentino Iván Haidari. Integrando o Eixo Latino da Mostra Lucia Camargo, que destaca produções da Argentina e Uruguai. Iván Haidar é performer, coreógrafo e diretor argentino nascido em La Plata com trabalho que explora a interseção entre dança e artes visuais, investigando a relação do corpo com diversos elementos e contextos.
Entre suas obras destacam-se "Otra linea", apresentada em festivais como Citemor (Coimbra, Portugal) e Corpos Poéticos (Curitiba, Brasil), e "Como las cosas llegaran aqui", que participou do FIDCU (Montevidéu, Uruguai) e Porto Alegre em Cena (Porto Alegre, Brasil). Esta última foi nomeada como uma das sete melhores obras do mundo pelo prêmio Rose do Sadler's Wells, em Londres.
Em 2023, Haidar apresentou "No estoy solo", uma performance que funde dança e artes visuais, refletindo sobre a solidão e a influência da tecnologia no corpo humano. A obra ,reconhecida pelo Festival Internacional de Buenos Aires (FIBA) por sua abordagem inovadora, é teatro de sombras na essência, mas a precisão da técnica de projeção, o movimento corporal de Ivam, o jogo de luzes tornam "No Estoy Solo um espetáculo marcante.
Cada peça da trilogia criada por Iván investiga como a tecnologia e a virtualidade influenciam a percepção do corpo e da identidade, desafiando as fronteiras entre o real e o digital. Assim evidencia a duplicação do corpo e a relação entre o corpo virtual e o real em três performances que exploram a relação entre o corpo físico e suas representações virtuais.
