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Os desafios dos relacionamentos numa tragicomédiaem quatro atos

Em 'Quase Casados', Jane (Patrycia Travassos) prepara uma festa de aniversário para seu chefe Ary (Du Moscovis) na esperança de seduzi-lo embora este não se interesse por mulheres | Foto: Barbarah Queiroz/Divulgação

Depois de percorrer o Brasil com grande sucesso, "Duetos", texto do dramaturgo britânico Peter Quilter, retorna ao Rio para uma curtíssima temporada no Teatro Riacheulo. Com direção de Ernesto Piccolo, o espetáculo, estrelado por Patricya Travassos e Eduardo Moscovis, já foi visto por mais de 100 mil pessoas e passou por 12 capitais, sempre com lotação esgotada.

Encenada em mais de 20 países e traduzida para 10 idiomas, a peça apresenta, com humor, os desafios dos relacionamentos modernos. Em quatro histórias independentes, um homem e uma mulher enfrentam suas próprias inseguranças, desejos e a busca pelo amor, lidando com a solidão de maneiras inesperadas.

"No fundo, o tema central é a solidão, tratada de um jeito divertido. Mostramos as diferentes formas que as pessoas encontram para amenizar essa sensação. É como uma lente de aumento sobre essas situações, uma sátira", explica Ernesto Piccolo.

O texto original de Quilter sofreu algumas alterações visando o perfil do público brasileiro, como destaca Patrycia Travassos. "O texto era muito longo pro humor do Brasil, tinha duas horas e meia. Ia precisar de um intervalo e o público no Brasil não está acostumado a intervalo, ainda mais em comédia", explica. "Fizemos alguns cortes, mas foi uma coisa muito orgânica, que aconteceu em cena. A dramaturgia continua toda lá, todas as situações. Mexemos um pouco nos diálogos. Até hoje na verdade a gente adapta."

"São personagens muito bem construídos", opina Moscovis, que faz em "Duetos" sua estreia em espetáculos teatrais de comédia . "O texto faz graça sem cair no estereótipo, na caricatura. E faz as pessoas rirem, porque todo mundo se identifica. É a gente rindo da gente mesmo. Tem uma nota de tragicomédia também. Em várias situações, me dá a impressão de que estamos visitando o cinema argentino, alguma coisa parecida com 'Relatos Selvagens'."

No primeiro quadro, "Encontro às Cegas", Jonathan e Wanda se conhecem por meio de um aplicativo de relacionamentos. Ambos querem causar uma boa impressão, mas a noite se desenrola de forma inusitada.

Em "Quase Casados", Jane organiza uma festa de aniversário para Ary, seu chefe, e vê nele um possível marido, apesar de ele não se interessar por mulheres. Ela insiste na ideia, acreditando que tudo pode mudar.

"Divórcio Amigável" traz Shirley e Beto em férias na Espanha para formalizar o divórcio. Entre brindes e lembranças, percebem que ainda há questões não resolvidas entre eles.

A última história, "Mais Uma Vez Noiva", acompanha Angela em seu terceiro casamento, para desgosto de Tobias, seu irmão. Às vésperas da cerimônia, uma série de imprevistos a faz questionar sua decisão.

"Gosto muito de comédia, tanto de assistir quanto de atuar. Aqui, temos quatro histórias, cada uma com personagens bem distintos, o que torna tudo ainda mais interessante. Apesar do tom engraçado, o texto trata de emoções muito humanas. Precisamos rir, mais do que nunca", comenta Patricya Travassos.

Eduardo Moscovis destaca a qualidade do texto de Quilter e sua habilidade para retratar relações de forma envolvente. "Peter Quilter é um grande autor. Sua peça 'End of the Rainbow', sobre Judy Garland, inspirou o filme 'Judy', vencedor do Oscar em 2020. Em 'Duetos', ele apresenta situações hilárias e ao mesmo tempo muito próximas da realidade", afirma o ator.

Peter Quilter é um dramaturgo britânico conhecido por suas peças de comédia e musicais. Suas obras já foram encenadas em mais de 40 países e traduzidas para diversos idiomas. Entre seus trabalhos mais famosos estão "End of the Rainbow", que narra os últimos anos de Judy Garland, e "Glorious!", baseado na vida da cantora Florence Foster Jenkins. Seu estilo mescla humor e emoção, explorando de forma cativante os dramas e dilemas humanos.

SERVIÇO

DUETOS

Teatro Riachuelo (Rua do Passeio, 38 - Cinelândia)

Até 13/4, sextas e sábados (20h) e domingos (18h)

Ingressos entre R$ 39,50 e R$ 140