Por:

Feridas invisíveis escancaradas

Vinicius Teixeira em cena no monólogo 'Selva: Solidão', escrito por ele e por Jefferson Almeida | Foto: Divulgação

O monólogo "Selva: Solidão", escrito por Jefferson Almeida e Vinicius Teixeira, encerra temporada neste fim de semana no Teatro Sérgio Porto, no Humaitá. A montagem reúne três personagens interpretados por Vinicius — Jonathan, um atendente de fast food; Luiz Felipe, um garoto de programa; e Antônio, um professor universitário aposentado — cujas trajetórias cruzam-se para dar forma a uma narrativa densa e sensível sobre os efeitos da solidão na vivência LGBTQIAPN em um mundo estruturado pela norma heterossexual.

A peça nasceu do desejo de lançar luz sobre feridas muitas vezes ignoradas, mas que atravessam a comunidade de forma silenciosa. "Fico feliz de poder reestrear a peça e ter a possibilidade de me comunicar com um público ainda maior", conta Vinicius.

"Sinto que ela funciona como um espelho onde, através das vivências dos personagens, conseguimos reconhecer comportamentos que temos dentro da comunidade e que são extremamente danosos para nós como indivíduos, e como grupo."

Segundo o ator, a resposta do público tem sido comovente. "Percebo que as pessoas se identificam muito com os personagens, com os sentimentos, com as inseguranças e com o medo da solidão. Acho que a peça nos coloca como espectadores de nós mesmos."

Para Vinicius, dar continuidade a esse trabalho é fundamental. "Cada temporada é muito importante para que a peça siga acontecendo. Acredito muito nas reflexões que essa história propõe, e sinto que a solidão é um tema que tem feito parte da realidade de muitos de nós." A expectativa é que, ao ocupar o novo espaço, o espetáculo continue promovendo encontros potentes. "Espero que, nessa nova temporada, o espetáculo consiga continuar levando pessoas ao teatro. Que possamos continuar estabelecendo conexões e diálogos para um público cada vez mais amplo."

Além de ator e dramaturgo, Vinicius também é protagonista do longa "O Melhor Amigo", ao lado de Gabriel Fuentes. Ele acredita na importância de ampliar a presença de histórias LGBTQIAPN em todas as linguagens. "Mostrar a nossa realidade é transformador para que possamos agir pela mudança desse cenário, mas também sinto que, paralelamente, é importante que existam produções que retratem a nossa comunidade de uma forma romântica e leve. É muito potente na criação desse imaginário de um futuro mais feliz para nós", conclui.

SERVIÇO

SELVA: SOLIDÃO

Teatro Sérgio Porto (Rua Visconde de Silva, s/n ao lado do nº 292)

Até 20/4, sexta e sábado (20h) e domingo (19h)

Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)