Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Sylvester Stallone: 'A gente precisa estar aberto a reinvenções'

A vilã Margaret (Dana Delaney) ameniza suas relações com o gângster Manfredi (Stallone) em Tulsa King | Foto: Divulgação Paramount

À espera de tela para o thriller "Armored", Sylvester Stallone hoje anda por Oklahoma, a locação da segunda temporada de um de seus maiores sucessos populares: a série "Tulsa King". No fim de 2022, a Paramount ampliou seu já regado cardápio audiovisual ao adicionar o eterno Rocky Balboa a suas fileiras.

Aos 77 anos, Stallone farejou nas plataformas digitais um veio para assegurar longevidade à sua trajetória pop. Há um ano e meio, lançou o filme "Samaritano" na Amazon Prime - no qual vive um gari que esconde possuir superpoderes - e embarcou em um contrato com streaming da Paramount onde brilha também no reality "A Família Stallone".

"Quando a imagem que construímos está mesclada a grifes, como Rocky ou Rambo, a gente precisa estar aberto a reinvenções, ou a nossa carreira fica estagnada", disse Stallone ao Correio quando lançou "Samaritano". "Venho interpretando personagens de carne e osso que não se encaixam nos padrões da realidade que conhecemos, por mais humanos que sejam. Sou sempre o sujeito fora da curva que não pode evitar a sina do altruísmo. A questão é que eu cheguei numa idade em que não posso mais interpretar Rambo do modo que eu fazia lá pelos meus 30 anos. Preciso honrar e respeitar a idade que tenho".

Não por acaso, um dos melhores diálogos de "Tulsa King" é a conversa entre o personagem de Stallone, o gângster Dwight "O General" Manfredi e uma agente federal quarentona, Stacy (Andrea Savage), no qual ela, após uma transa acalorada, assusta-se ao saber a idade dele. Dwight pergunta: "Qual foi o problema? É o nosso gap geracional?". E ela: "Não é um gap, é um cânion".

Uma máfia do zero

Integrante do elenco de "Bananas" (1973), de Woody Allen, do qual quase foi descartado por não parecer ameaçador o suficiente, Stallone traz situações hilárias para "Tulsa King", ainda que o foco da trama seja a violência. A brutalidade é inerente ao trabalho de um gângster grisalho que precisa criar uma célula criminosa do zero numa cidadezinha onde a maconha é legalizada e o único perigo é uma gangue de motoqueiros.

Taylor Sheridan, responsável pelo sucesso de "Yellowstone", é um dos criadores de "Tulsa King", que tem Terence Winter (de "A Família Soprano") à frente do roteiro e da concepção de um universo de famílias mafiosas repletas de pecados. A agilíssima direção é de Allen Coulter, que entende com precisão a persona de Stallone e o que ele simboliza historicamente. É o que se percebe na maneira como ele recria o ethos de "exército de um homem só" muitas vezes encarnado pelo ator, traduzido no tom de empáfia e de retidão plena de Dwight. A que ele sente em relação à ausência que seu encarceramento deixou na vida da filha, Tina (Tatiana Zappardino).

Durão inquebrantável, Dwight passou 25 anos encarcerado e sai da cadeia com a missão de erguer uma facção da máfia em Tulsa, encarando uma realidade diferente daquela em que se configurou como um criminoso assustador, em Nova York. Ele se depara com figuras com visual de caubói, com botas de couro de jacaré. E é ali que precisa se reerguer, tendo como aliados um taxista (Jay Will), um dono de bar (Garrett Hedlund, perfeito em cena) e um assassino aposentado (Max Casella). Duas estrelas dos anos 1990, há tempos sem destaque, regressam aos holofotes na companhia de Stallone: Annabella Sciorra e Dana Delany. A primeira vive a irmã de Dwight e a segunda é a vilã Margaret.

 

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