Lá se vão 65 anos da criação do primeiro supergrupo das HQs de ex-vilões que se habilitam a fazer justiça, o Esquadrão Suicida, que vai ganhar a vitrina cinéfila mais nobre da TV aberta no Brasil, a "Tela Quente", da Globo, na noite desta segunda-feira (11).
Às 22h35, a emissora exibe "The Suicid Squad" (2021), uma joia pop lapidada por James Gunn, que custou US$ 185 milhões mas só arrecadou US$ 168 milhões. A pandemia atropelou o longa-metragem sem pena, mas não impediu que ele tivesse uma carreira luminosa na antiga HBO, hoje Max, e alimentasse uma leva de bons quadrinhos.
Surgida nas páginas de "The Brave and the Bold" nº 25, em setembro de 1959, e reinventada por John Ostrander, em 1987, a equipe de "bichos soltos" reformados mobiliza bancas e livrarias brasileiras hoje graças ao empenho da Panini Comics. A pedida do momento em seu acervo é o especial "Destrói o Arkham", ambientado em Gotham City.
Além de ter lançado o álbum de luxo "Chamas", a Panini retoma sagas clássicas do Esquadrão em encadernados como "Conspiração Janus". Os personagens aparecem ainda em "Força Tarefa Z", incluindo o anti-herói Capuz Vermelho em suas fileiras.
Essa seleção de historietas ganha outro especial depois que a gente assiste a visão autoral de Gunn para essa linhagem bastante incorreta de vigilantes. Sylvester Stallone participa do longa-metragem, só com a voz, no papel do Tubarão-Rei, entidade marinha carnívora. O tom é de galhofa, mas há litros de adrenalina ao longo da frenética narrativa.
Houve um "Esquadrão Suicida" antes, em 2016, pilotado por David Ayer. Mesmo tendo sido trucidada pela crítica e rejeitada por parte do público, a produção de 175 milhões dólares faturou 746 milhões de dólares e fez a Harley Quinn de Margot Robbie se transformar num objeto de culto. Seu regresso veio depois de "Aves de Rapina" (2020), malfadado derivado com a mesma atriz.
Num esforço de resposta ao sucesso de "Guardiões da Galáxia" (2014), da Marvel, no qual um supergrupo classe B atingiu a fama, tornando-se um filme de grande sucesso, a Warner Bros. adotou o Esquadrão como sendo a sua munição mais abusada. E investiu num filme mais dark e irónico, com heróis sem moral. O problema é que surgiu uma pedra no meio do caminho: "Deadpool" (2016), uma comédia genial, de sucesso comercial para além de qualquer expectativa, tendo um mascarado ligado (indiretamente) aos X-Men como protagonista. A questão é que "Deadpool" nasceu para ser sarcasmo, sem nunca se levar a sério. O "Suicide Squad" de Gunn veio atrás dessa mesma levada louca.
A arena geográfica onde se passa a atração da Rede Globo desta segunda se chama Corto Maltese, em referência ao país fictício criado por Frank Miller - e depois citado em "Batman", de Tim Burton, de 1989 - assim batizado em tributo ao marinheiro cigano criado nas grapic novels de Hugo Pratt. Embora o povo de lá saiba lutar sozinho, liderados por uma militante vivida por Alice Braga, eles não dão conta dos exércitos inimigos e, ainda menos do monstro em forma de estrela marinha (porém, vinda do espaço e chamada Starro). Só reforços com poderes e com armas letais pode ajuda-los. Eis que o Esquadrão Suicida é acionado, mas não por pena deles ou por um gesto altruísta, mas, sim, pelo fato de a criatura significar perigo para o mundo.
Três combatentes do Mal (nada bonzinhos) se destacam na missão ambientada em Corto Maltese: o Sanguinário, um assassino capaz de transformar tudo em arma, encarnado por Idris Elba; a domadora de ratos Ratcatcher 2 (a atriz portuguesa Daniel Melchior); e um patriota obsessivo capaz de matar em nome da paz, o Pacificador (Peacemaker), papel que rendeu a John Cena holofotes, elogios e um mar de fãs. Vale citar a presença de Viola Davis como a executiva impiedosa Amanda Waller (dublada aqui por Márcia Morelli). Na versão brasileira, o desempenho de Ronaldo Júlio dublando Elba é um primor.