Situação econômica piora na Argentina
A duas semanas das eleições presidenciais, a Argentina vive uma nova corrida do dólar "blue", que lastreia os preços no país e subiu 18% em apenas 14 dias. Se um argentino fosse a uma casa de câmbio paralela no último dia 22 (o que é proibido, mas frequente), pagaria cerca de 745 pesos por dólar. Nesta sexta (6), já estaria pagando 880. Enquanto isso, o governo de Alberto Fernández e do ministro da Economia Sergio Massa, candidato à Presidência, continuam segurando o valor da moeda estrangeira usado em transações oficiais a 367 pesos para tentar conter a inflação e, agora, reforçam mais uma vez o controle sobre a compra de divisas. Para o economista argentino Ignacio Galará, do Centro de Estudos Monetários e Financeiros de Madri, o principal motivo para a subida recente do câmbio é a aproximação das eleições e o favoritismo do ultraliberal Javier Milei, que promete dolarizar a economia e fechar o Banco Central.
"Hoje, sem ser a moeda oficial, o dólar já tem uma demanda enorme e uma oferta muito contraída na Argentina. Se passar a ser a moeda legal, seu valor vai disparar ainda mais, portanto te convém comprar dólares hoje, o que faz o preço subir", explica ele, lembrando que Milei deixou uma imagem de "candidato sólido" no debate no último domingo (1º).
O pesquisador cita também outros dois fatores que podem estar contribuindo para a alta da moeda: primeiro, uma flexibilização do governo a alguns tipos de câmbio para fomentar certos setores, como as micro e pequenas empresas. Segundo, a ação do mercado financeiro que, num contexto de alta inflação, a todo tempo usa seus pesos para comprar dólares na bolsa ou outros mercados.