CEO da Loungerie Intimates crítica o Remessa Conforme
Para executivo da marca, a medida atrapalha a competitividade
por Guilherme Cosenza
A medida de isenção para importação de até US$ 50 criada pelo governo, parece não estar agradando tanto os grandes empresários brasileiros. Pelo menos é o que deixou bem claro o CEO da marca de roupas íntimas, Loungerie Intimates, Eduardo Costa. O executivo também soma o cargo de conselheiro da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Advtex) e explanou seu desagrado pela medida durante evento da Escola Paulista de Direito sobre diversidade nos conselhos de administração de empresas.
Para Eduardo há uma falta de isonomia do Remessa Conforme para companhias brasileiras que se preocupam com a origem de seus produtos. "Vem uma plataforma de varejo têxtil internacional, que eu não vou citar o nome, mas hoje se transformou na maior empresa de moda dos Estados Unidos, e no meu setor, de moda íntima, é a segunda maior do Brasil, e você não tem a menor ideia de onde vem esse produto, quem produz e como que é utilizada a matéria-prima", afirmou.
O programa Remessa Conforme prevê isenção do imposto de importação para compras de até US$ 50 para empresas certificadas pela Receita Federal. Para remessas acima desse valor (incluindo frete e outros encargos), é cobrada uma alíquota de 60%. Eduardo aproveitou o momento de fala para pontuar que a Loungerie negocia apenas com empresas certificadas e que possuem garantias de luta contra o trabalho escravo, infantil e que garanta a sustentabilidade do produto.
Porém, segundo o executivo, o Brasil possui cerca de 400 mil fábricas têxteis, mas menos de 2% são certificadas pela Abvtex. Com isso, traz-se uma grande dificuldade nas buscas de matéria-prima em locais que possuem essas qualificações, elevando o custo dos produtos. Nesse cenário, a medida do Remessa Conforme atrapalha, no entender de Eduardo, a competitividade da marca com as demais. "50% da produção da Loungerie é feita lá fora. Eu pago, em média, 110% de impostos do custo do produto que eu importo. Esse mesmo produto está chegando por outra plataforma sem um centavo de imposto", reclamou. "Isonomia fiscal aí nada", emendou.