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Operadora da Starbucks perde direito de marca no Brasil

Companhia tem dívidas que somam RS 1,8 bilhões | Foto: Divulgação

Por Guilherme Cosenza

A gigante rede de cafeteria americana Starbucks é administrada no Brasil pela empresa SouthRock Capital que também detém o comando de marcas como Subway, Eataly, TGI Fridays, Brazil Airport Restaurantes, Brazil Highway Restaurantes e Vai Pay Soluções em Pagamento. Porém, ao que tudo indica, a companhia está prestes a perder a principal marca, o que pode desencadear em uma verdadeira queda em "efeito dominó".

Tudo isso, por conta de dívidas acumuladas em mais de R$ 1,8 bilhões. Para piorar o caso da empresa, ela teve seu pedido de Recuperação Judicial negado pela 1ª Vara de Falências da Justiça de São Paulo. O juiz Leonardo Fernandes dos Santos, responsável pela decisão, também negou a tutela de urgência feito pela SouthRock para suspender a rescisão do acordo de licenciamento, feito pela Starbucks Coffee Internacional Inc. após as marcas não chegarem a um acordo para a continuidade da SouthRock gerenciar a rede no Brasil.

O juiz também pediu mais informações ao grupo sobre o processamento ou não da recuperação judicial. Ele determinou a inclusão da "real situação de funcionamento da empresa, bem como de perícia prévia sobre a documentação apresentada". O juiz nomeou a Laspro Consultores para a realização do laudo, que deverá se apresentado em sete dias corridos. Segundo a SouthRock, os valores de sua dívida aconteceram no período pandêmico da Covid-19 onde as margens de lucro desceram vertiginosamente.

Segundo os representantes da empresa em 2020, o grupo registrou queda de 95% nas vendas e teve grande inadimplência por parte de seus parceiros comerciais. A redução de vendas em 2021 ainda ficou em cerca de 70% e, no ano seguinte, em cerca de 30%. Dessa forma, para tentar se recuperar desse cenário, a defesa da SouthRock briga para continuar a ser a detentora da marca, pelo menos até o fim do processo de mediação entre as empresas, alegando não concordar com a medida da Starbucks Coffee Internacional Inc., a controladora da marca pontua que a decisão tomada foi uma interrupção abrupta das negociações por "condições de pagamento que refletissem sua atual capacidade financeira".

Outra luta que está sendo travada pela SouthRock é referente a uma possível suspensão de recebimento da empresa em cima dos lucros de todas as suas marcas alimentícios que correspondem à 80% do fluxo de caixa da companhia. Apenas as lojas da rede Subway ficariam de fora do processo. Caso isso aconteça, a empresa não terá como fazer o dinheiro girar e como consequência saudar a dívida.

Lojas Fechadas em São Paulo e Rio de Janeiro

Desde a última terça-feira (31) diversos relatos na internet mostraram que lojas foram fechadas no eixo Rio-São Paulo e diversos funcionários foram demitidos na própria terça, dia que a companhia abriu o pedido de Recuperação Judicial. Entre as lojas fechadas está a mais antiga da marca no Brasil, a unidade da alameda Santos inaugurada em 2010, na região dos Jardins, na capital paulista. Na porta, apenas um "desculpem-nos pelo transtorno".

No Instagram, a rede disse que a SouthRock está "ajustando algumas frentes estratégicas para o negócio" e que, "neste processo, algumas lojas foram fechadas, porém a marca continua operando no país", em resposta ao questionamento de clientes que encontraram unidades fora de operação. O grupo não afirmou quantas das 187 unidades foram fechadas ou quantos funcionários perderam seus empregos. Mas, há relatos de lojas fechadas no bairro Itaim Bibi, na zona oeste de São Paulo. No Rio, nos shoppings Downtown e Tijuca, em Copacabana e Ipanema, as lojas não abriram, mas algumas ainda funcionaram para delivery. Nos shoppings Leblon e Rio Sul, as cafeterias seguiam abertas.

Até o momento, o relato de demissões se dão de fato apenas para trabalhadores da rede Starbucks, as demais marcas não foram afetadas até o momento. Porém, caso o cenário continue negativo para companhia, poderá respingar de fato nas outras marcas, todas importantes para o cenário nacional.

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