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Varejo de moda recupera setor na bolsa

C&A na contramão da visão negativa do varejo | Foto: Divulgação

Com juros altos, vendas mais fracas, concorrência de estrangeiras e alto endividamento, as principais varejistas do país ficaram de fora da recuperação da Bolsa de Valores em 2023. Para este ano, porém, a projeção é positiva para o setor, em especial por causa da expectativa de redução da Selic. Enquanto analistas ainda adotam cautela para os gigantes do varejo de eletrodomésticos, eles apostam que o comércio de moda é quem melhor deve surfar a retomada do setor, por dois motivos principais: é ser menos dependente de crédito e menos endividado, oferecendo boas oportunidades de investimento. "O varejo de moda está numa posição melhor. O governo estuda taxar as encomendas de concorrentes asiáticas, e o consumidor dessas lojas não precisa de tanto financiamento. As empresas de vestuário também estão com uma estrutura de capital mais equalizada", afirma José Eduardo Daronco, analista da Suno Research.

A empresa que desponta nessa recuperação é a C&A, que surpreendeu o mercado ao registrar alta de mais de 200% na Bolsa em 2023. "A empresa teve um resultado muito satisfatório. Mesmo dando prejuízo, a C&A tem gerado caixa, reduzido o endividamento, melhorado suas margens e crescido nas vendas. Além disso, a expectativa do mercado para a empresa no começo do ano estava ruim. Com um resultado melhor que o esperado, ela acabou subindo", afirma Daronco.

Em seu balanço do terceiro trimestre, a C&A reportou redução de 47,6% em sua dívida líquida na comparação com o mesmo período do ano anterior, com crescimento nas vendas e na receita. "Esse bom desempenho específico da empresa a tornou uma companhia de destaque entre seus pares este ano. Apesar de também ter passado por alguns meses mais turbulentos e correções, a empresa se manteve em tendência de valorização e caminha para fechar em forte alta em 2023", diz Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos.

Apesar da disparada das ações da C&A, analistas mantêm outros nomes do setor do radar, em especial do varejo voltado para clientes de classes mais elevadas. "Num cenário desafiador para o consumidor, é melhor estar posicionado numa empresa voltada para a alta renda, que são menos sensíveis a flutuações macroeconômicas", diz Tiago Maciel, chefe de análise de consumo da EQI Research.

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