Malan 'detona' descaso fiscal federal

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"Se der superávit zero, ótimo, se não der, ótimo também". O descaso do discurso do mandatário de plantão no Palácio do Planalto choca pela sinceridade com que ignora o primado da gestão séria, voltada à responsabilidade fiscal e equilíbrio das contas públicas.

Em contraste ao 'dever de casa' que todo brasileiro, o ex-ministro da Fazenda do então presidente Fernando Henrique Cardoso e um dos capitães da estabilização econômica que se seguiu à implantação do Real, há exatos 30 anos, Pedro Malan não poupa críticas à volúpia federal por investimentos, sejam eles o chamado Plano Trienal de Ação (2024-2026) e o questionável Plano de Aceleração do Crescimento (novo PAC), sem contar outras 'aspirações' de despesas federais, além da próxima década de 30.

Em seu artigo no Estadão desta semana, Malan acentuou que o Estado "já sobrecarregou de obrigações que testam os limites de sua capacidade [de tributar, de gastar, de se endividar, de reformar, de gerir e de investir], a realidade impõe, pelo lado da oferta doméstica, restrições a ambiciosos processos de expansão".

Mais adiante em sua análise, o ex-ministro entende ser necessário "exigir claras definições de prioridades, porque, ao dispersar demais suas atividades, o Estado fica mais suscetível a ceder a interesses isolados, a persistir em promessas que não pode cumprir".

Ao concluir sua preleção, Malan considera fundamental que, "ao longo dos próximos três anos, que o Executivo sinalize, de maneira clara e crível, aos agentes econômicos que existe um sistema de regras de responsabilidade fiscal que represente compromisso firme em assegurar a sustentabilidade da trajetória de finanças públicas do País.