Banco Central aceita discutir autonomia
Por Adriana Fernandes (Folhapress)
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defende em entrevista à Folha a costura de um acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a aprovação da PEC (proposta de emenda à Constituição) que amplia a autonomia da instituição. "A autonomia financeira é um passo no sentido de aprimorar o arcabouço de autonomia do BC", afirma.
O chefe da autoridade monetária começou a articular o tema no Congresso, o que causou reação entre os membros da gestão Lula ao ponto de o diálogo com Haddad ter sido interrompido. Campos Neto e Haddad voltaram a se falar na sexta-feira (1º), justamente sobre a PEC. "Eu tentei dar conforto para ele, que o BC tem flexibilidade, que a gente pode discutir, que nada vai ser feito à revelia", diz Campos Neto.
O BC ganhou autonomia operacional há cerca de três anos, durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Pela PEC, o BC passa a ser uma instituição de natureza especial com autonomia técnica, operacional, administrativa, orçamentária e financeira, organizada sob a forma de empresa pública e com poder de polícia.
Folha - O Sr. disse recentemente que o BC está derretendo. O que quis dizer com isso?
Roberto Campos Neto - Derretendo foi uma expressão usada em relação aos quadros do banco. Ao mesmo tempo que tem gente saindo para ir para o mundo privado, teve o movimento tenso, perto da greve [dos servidores], de devolução de [cargos] de comissão. Gente pedindo para ser descomissionado e também para sair. Esse é um problema do funcionalismo que vem de muito tempo.