Campos Neto: 'ganhos reais preocupam'

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Num cenário marcado pela resiliência (leia-se, da inflação), o Banco Central (BC) manifesta preocupação com relação ao efeito dos ganhos reais sobre a inflação de serviços, decorrentes do aquecimento do mercado de trabalho.

A observação foi feita pelo presidente da autoridade monetária, Roberto de Campos Neto, ao avaliar, no que toca à atividade econômica, que, a despeito trajetória declinante do PIB (Produto Interno Bruto), há indicadores recentes que apontam para 'alguma melhora', o que se reflete no aumento recente das expectativas para 2024".

Quantos aos 'pontos de atenção' para a condução do corte dos juros, em destaque na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), Campos Neto ressaltou - durante apresentação a estudantes da Stanford Graduate School of Business, nessa terça-feira (26), no edifício do BC, em São Paulo - que a despeito do fato de o indicador 'cheio' de inflação estar em 'desaceleração', "várias medidas de inflação subjacente estão acima da meta nas divulgações mais recentes". Na ata, o colegiado admitiu que houve 'surpresas recentes' em dados de serviços e comércio, com reflexos nas projeções de crescimento no primeiro trimestre (1T24), ao passo que a previsão da autarquia é de um crescimento de 1,7% do PIB este ano, sujeita à alteração no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) deste mês. Ao considerar que a incerteza do cenário externo pode implicar 'volatilidade', o dirigente monetário admite que "a inflação voltou a ser a maior fonte de risco à economia global", em que o setor imobiliário dos EUA é a mais provável fonte para um evento de risco sistêmico". (M.S.)