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Controle da inflação estaria 'sob risco'

A 'docilidade' da ala governista do Copom (Comitê de Política Monetária) aos 'ditames perdulários' do Planalto, expressa na redução, para 0,25 ponto percentual, do corte da Selic (taxa básica de juros) na semana passada - reeditando a subserviência do Banco Central (BC) ao governo da gestão de Alexandre Tombini à frente da autoridade monetária - poderá 'condenar' os cortes à magnitude mencionada, a reboque de um provável repique da inflação e de maior pressão cambial.

Tal avaliação de especialistas é de que a política monetária, mais afetada pelo front doméstico do que pelo externo, poderá implicar, inclusive, uma redução ainda menor da Selic nas próximas reuniões do colegiado. Neste aspecto, a fim de que se evite a impressão, junto ao mercado, de uma preocupação secundária ou, até, irresponsabilidade com relação ao avanço inflacionário, o entendimento destes é de que a 'minoria' do Copom terá de explicitar, de forma convincente e lúcida, a motivação para o 'freio' da taxa básica.

Tal esclarecimento seria propício, tendo em vista a interrupção abrupta de uma sequência de seis cortes seguidos de meio ponto percentual (0,5 p.p.) na Selic, cuja redução pela metade já havia sido admitida pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, ainda em meados de abril último, ante um cenário de 'alta incerteza', embora 'sem mudanças significativas'. Foi dele o 'voto de minerva' que definiu o corte em 0,25 p.p.. Já a ala palaciana, pela redução da Selic em 0,5 p.´p., atestou o alinhamento à diretriz petista, de incentivo ao consumo, por motivações eleitoreiras, ante o pleito municipal no final de 2024. (M.S.)